Como conviver com o vazio e a tristeza?
Há muitos que passam por tristezas e angústias, e estes sentimentos são compartilhados por todas as pessoas, algumas em um grau maior e outras em um grau menor. Mas todos reconhecem possuir dentro de si um imenso vazio. A maioria das pessoas procura preencher este vazio com diversas coisas, como vícios (imoralidades, bebida, drogas, etc.), ou mesmo com coisas lícitas como trabalho, dinheiro, família, filhos, divertimentos, etc. Outros procuram na religião a solução para preencher o vazio que trazem dentro de si e dar fim à angústia. Assim se envolvem com alguma religião e buscam nas suas práticas a atividade necessária para se esquecerem de sua situação tão miserável. Nada disso poderá preencher o vazio que o ser humano traz no mais íntimo do seu ser, pois esse vazio é do tamanho de Deus. É só ele que poderá preenchê-lo totalmente, fazendo com que o coração transborde de paz e alegria. Não uma alegria efêmera e falsa como aquelas que o mundo oferece, e nem com uma paz que a segurança de uma estabilidade sentimental, familiar e monetária pode trazer. Não! Deus enche o coração com a sua paz. “A paz de Deus, que excede todo o entendimento.”. (Fp 4:7). Mas como obter esta paz! O homem é, por natureza, inimigo de Deus, por causa do pecado que entrou na humanidade trazendo os seus frutos malignos que podem ser vistos ao nosso redor, e em nós mesmos. Mas Deus providenciou uma solução para o pecado, e para o pecador, enviando o seu Filho Jesus Cristo para morrer em nosso lugar. Cristo carregou o pecado de todo aquele que nele crê, e por ele podemos ter paz com Deus. Para tanto, é necessário que você se reconheça como sendo mais uma pessoa cheia de pecado e necessitando de salvação. E com a consciência assim convicta, aceite ao Senhor Jesus como o seu Salvador, crendo que ele já pagou o preço da sua reconciliação com Deus. E receba DE GRAÇA a salvação que ele oferece. Muitos dos que já passaram por esta experiência de conversão, tendo crido no Senhor Jesus Cristo para salvação, às vezes ficam surpresos quando se deparam com dificuldades ou mesmo momentos de tristeza e inquietação. Então começam a ter dúvidas se realmente a paz que Deus oferece é duradoura ou serve apenas para os momentos que se seguem à salvação. E com a mente cheia de dúvidas passam a ficar cada vez mais desanimados. O problema está no fato de que muitas pessoas vêm a Cristo, buscando em primeiro lugar a satisfação dos anseios de paz e alegria que existem em seus corações. Quando aceitam ao Senhor Jesus, recebem a salvação completa: o total perdão dos pecados e um lugar assegurado no céu, junto a ele, graças à obra que ele consumou na cruz do calvário. Além de tão grandiosa salvação, recebem ainda, como consequência, alegria e paz em seus corações. Passam a ter uma nova perspectiva de vida. Mas aí cometem um erro: passam a dar mais importância aos seus sentimentos do que a Cristo e à sua obra. E quando encontram alguma dificuldade — e são muitas as dificuldades que o cristão encontra — logo se esquecem de sua posição celestial e desanimam. Se você ler Êxodo capítulo 15, versículos 23 a 25 encontrará uma lição muito preciosa. Os judeus haviam estado no Egito como escravos e foram libertados por Deus após escaparem de um juízo que foi lançado sobre todo o Egito. O juízo era a morte de todos os primogênitos, exceto os do povo judeu, desde que cada família matasse um cordeiro sem defeito e passasse o seu sangue nos batentes da porta de sua casa. O sangue do cordeiro seria o sinal para que o anjo do Senhor não ferisse aquela casa. Após aquela noite de juízo e morte para os Egípcios, foi permitido aos judeus saírem do país, e eles o fizeram para em seguida serem perseguidos pelo exército de Faraó desejoso de exterminá-los. Mas o mar vermelho se abre e o povo passa até a outra margem, tendo o mar se fechado sobre os perseguidores. Ali estavam os judeus, sãos e salvos, libertos da escravidão do Egito e do juízo que se abateu sobre aquele país, graças ao sangue do cordeiro, e seguros, após haverem passado por um lugar de morte, o fundo do mar. Então começava a peregrinação no deserto e logo encontraram uma fonte de águas amargas (Mara), onde se puseram a murmurar contra Moisés. Tudo isto acontece também com todo aquele que crê no Senhor Jesus Cristo. Toda pessoa, em seu estado natural, é uma serva de Satanás, sendo por ele escravizada (leia Ef 2:1-3). Quando essa pessoa crê no Senhor Jesus Cristo, colocando sua fé na obra consumada na cruz, é o mesmo que passar, espiritualmente falando, o sangue do Cordeiro nos batentes da porta de sua vida. Assim como aconteceu com os judeus, ficará livre do juízo que deverá se abater sobre os pecadores sem Cristo. Tal pessoa é assim liberta das garras de Satanás (Cl 1:13), havendo passado por um lugar de morte, assim como era o fundo do mar, pois o crente morreu com Cristo (leia Rm 6). Mas onde se encontraram os judeus após tão grande salvação? Em um deserto! E assim também acontece com o cristão, pois este mundo não passa de um deserto; nada há de aproveitável para o crente que é um cidadão celestial (Fp 3:20). Tudo o que os judeus podiam encontrar no deserto seria o pão vindo do céu (maná) e a água que saía da Rocha (Ex16; 17. Compare com 1 Co 10:3-4 e Jo 6:31-35; 7:37). Mas antes que os judeus começassem a experimentar com maior profundidade a desolação do deserto, mas também a completa suficiência de Deus, eles se deparam com uma fonte de águas amargas. Esta experiência é comum a todo aquele que crê; logo após sua conversão começa a perceber que está esfriando aquele gozo inicial e percebe que as águas deste mundo continuam amargas, mesmo após sua conversão. É que o crente é transformado ao se converter, mas este mundo não muda nada — continua o mesmo deserto. Mesmo o seu corpo continua o mesmo, com seus defeitos e marcas do pecado. Tudo isto são as águas amargas que ele experimentará no seu andar por este mundo. Mas como havia solução para as águas de Êxodo 15, também há uma solução para o cristão. Aos judeus no deserto foi dito que tomassem certo lenho ou madeiro e o lançasse nas águas, tornando-se elas boas para se beber. O que nos lembra um lenho? A cruz de Cristo! O madeiro onde foi pendurado nosso Salvador! Do mesmo modo, o único modo de tornar suportável a peregrinação do cristão neste mundo, transformando suas águas amargas em potáveis, é se apelar para a cruz. Evidentemente não me refiro a se procurar um pedaço da madeira da qual foi feita a cruz, e sim no sentido espiritual, o que a cruz significa para o cristão: um lugar de morte. Aplicar a cruz em nossas vidas significa nos considerar mortos para as coisas deste mundo no sentido indicado nas passagens em Gálatas 2:20; 5:24 e 14. Significa mortificar todos os nossos desejos e sentimentos, compreendendo que eles podem nos levar a desviar os olhos daquele que tanto fez por nós. Finalmente, quando olhamos para nossos sentimentos, é porque não estamos dando o real valor à Cristo e à sua obra. Achamos que o importante em nossa conversão foi o fato de termos nos sentido bem, esquecendo-nos que o mais importante foi termos sido libertos das garras de Satanás e feitos filhos de Deus, destinados ao céu. Quando pensamos na grandiosidade da obra de Cristo e no quanto custou nossa libertação, nosso coração se enche de gratidão e a nossa boca de louvor a Deus. Deixamos de nos ocupar com nossos mesquinhos desejos de “nos sentirmos bem” ou termos tudo e todos a nosso favor. “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16:33). * * * * *