segunda-feira, 12 de julho de 2021

O imperador romano Constantino foi o responsável pela introdução da doutrina pagā da Trindade no cristianismo, no Concilio de Niceia, em 325 d.c.?

Negar que o imperador Constantino possuía intenções mais religiosas que políticas quando tratou da questão de sua suposta conversão ao cristianismo seria provavelmente rejeitar as evidências históricas que apontam o contrário. O imperador romano certamente viu no cristianismo uma força que consolidaria o poder do seu império no mundo, mas não podemos pensar que todas as discussões de cunho religioso, nesse período turbulento da história cristã, foram decididas pelo imperador. A doutrina da Trindade já havia sido definida há mais de cem anos antes, com Teófilo de Antioquia e Tertuliano, e não poderia ser, portanto, uma "criação do imperador romano que não conhecia as doutrinas do cristianismo ortodoxo. Como poderia ser o imperador Constantino o introdutor de uma doutrina que já tinha sido, historicamente, nomeada e estabelecida muitos anos antes nas comunidades cristas?

Devido à controvérsia Ariana (a crença de que Jesus não era eterno e, consequentemente, não poderia ser Deus), foi finalmente convocado o primeiro Concílio Geral (ecumênico) da Igreja, em 325 d.C., na cidade de Niceia. É verdade que o imperador romano teria aberto o Concílio, mas isto não quer dizer que tenha influenciado as decisões em Niceia, pois não existe nenhuma prova histórica para as decisões doutrinárias terem sido tomadas pelo imperador romano, pois ele não possuía habilidade teológica para isso. Ele estava mais interessado em estabelecer a unidade do cristianismo sob o seu Império do que estabelecer alguma doutrina supostamente crida por ele próprio. Uma das provas maiores de que Constantino não era um defensor da doutrina da Trindade é o fato de ele ter sido o responsável direto pelo exílio de Atanásio, que esteve em Niceia e se tornara o grande defensor do trinitarismo bíblico pós-Niceia, em razão da doutrina professada por ele naquele concilio (OLSON, 1999, p. 167). Outro fator que é contrário à ideia de que o imperador Constantino fosse um trinitariano convicto e que também tenha sido o introdutor da doutrina cristã da Trindade é que, em seu leito de morte, o próprio Constantino foi batizado por Eusébio de Nicomédia, o bispo "porta-voz" de Ário na controvérsia de Niceia em 325 d.C., e totalmente contrário à doutrina da Trindade (CONZÁLES, vol. 2, 1995, p. 99).

Nas religiões antigas da Babilônia, Egito e Índia, vemos as imagens de tríades de deuses. Foi de lá que os cristãos copiaram a doutrina da Trindade?

A raça humana veio toda de um único tronco e origem (At 17.26), portanto seria normal encontrarmos vestígios de crenças primitivas e comuns em várias religiões espalhadas na face da terra. Gradativamente, o homem foi se afastando de Deus, habitando toda a terra (Gn 5.1-7; 6.1-7; 10.1-32) e criando os seus conceitos distorcidos da verdade original, produzindo assim uma "caricatura" de algumas crenças que representavam Deus. Nenhuma destas comunidades primitivas cria, de fato, em uma Trindade; antes, possuíam "Tríades" de deuses, o que não é o mesmo. Elas acreditavam em três divindades superiores entre muitas outras, e não em um único Deus manifesto em três pessoas distintas, como ensina a doutrina da Trindade. Além disso, se fossemos afirmar que toda doutrina cristã com paralelos nas comunidades pagãs primitivas fosse falsa, teríamos de rejeitar algumas afirmações bíblicas como: o Dilúvio, a tentação e queda de Adão e Eva e a longevidade patriarcal, entre outras declarações, pois todas possuem paralelos primitivos nas comunidades pagãs, mostrando, assim, a fonte comum da verdade que a humanidade possuía no princípio.

Os primitivos cristãos ensinavam a Trindade?

Sim. Temos várias citações de autoridades históricas da Igreja do 2º e 3º séculos que apontam para a doutrina da Trindade, ainda nos dias da igreja primitiva. Entre elas estão:

1. Justino Mártir: "O Pai do universo tem um filho, e ele, sendo o primogênito verbo de Deus, é o próprio Deus. E nos tempos antigos ele apareceu na forma de fogo e na semelhança de um anjo a Moisés" (Primeira Apologia 63).

2. Clemente de Alexandria: "Realmente a deidade plenamente manifesta, sendo ele feito igual ao Senhor do universo; porque ele era o seu Filho" (Exortação aos Pagãos 10).

3. Tertuliano: "O mistério da dispensação ainda deve ser guardado, que distribui a unidade em uma Trindade, colocando na devida ordem as três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; três, porém, não em condição, mas em grau, não na substância, mas na forma" (Contra Práxeas 1).

4. Orígenes: "Nada na Trindade pode ser chamado maior ou menor, posto que a fonte da deidade, por si só, contém todas as coisas pelo seu verbo e razão, e pelo Espírito da sua boca santifica todas as coisas que são dignas de santificação" (Princípios 1).

5. Hipólito: "Não havia nada contemporâneo com Deus. Além dele nada havia; mas ele, enquanto existia sozinho, mesmo assim existia na pluralidade" (Contra Noêncio 10).

Portanto, a Bíblia, juntamente com a história eclesiástica, estabelece a doutrina trinitariana de forma irrefutável.

A Bíblia afirma que Deus não é de confusão. Portanto, como a doutrina da Trindade é confusa e contraditória, não pode ser uma doutrina bíblica (1Co 14.33)?

A doutrina da Trindade não é confusa nem mesmo contraditória. Seria confusa e contraditória se afirmasse que Deus é uma "única pessoa" e ao mesmo tempo "três pessoas". Isso, portanto, seria incoerente e irracional. Nem a Bíblia ensina isso, nem os trinitarianos acreditam assim. Se a mente humana não consegue entender Deus em sua totalidade, não pode ser suficiente para negar a Trindade, como o fato de não compreendermos a eternidade de Deus não deve ser uma barreira para negarmos que ele não teve início nem terá fim, como diz a Bíblia (Sl 90.2). Se não conseguimos nem mesmo definir a totalidade da natureza humana da qual fazemos parte, como poderíamos compreender em sua totalidade a natureza de Deus? Apesar da revelação que temos acerca de quem é Deus em toda a Bíblia, Ele continua, segundo a própria Bíblia, ainda um ser misterioso (Is 45.15).

A Biblia declara que Deus é um, e não três (Dt 6.4)?

De fato, as Escrituras Sagradas declaram Deus como único, e a doutrina da Trindade não nega esta verdade das Escrituras, pois não afirma que existam três "deuses" em um. A palavra "único", que aparece no texto de Deuteronômio 6.4, é Echad no original hebraico, e aponta aqui e em outros textos para unidade composta, assim como em um casamento em que duas pessoas são consideradas por Deus como uma única (Echad) carne, mesmo sendo pessoas distintas ("Uma só carne" - Gn 2.24). Existe outra palavra que expressa unidade no hebraico (Yacheed). mas nunca é usada nas Escrituras quando se refere ao único Deus verdadeiro, por ser usado apenas com referência à unidade simples, quando se refere a uma única pessoa como Isaque, o filho de Abrão (Gn 22.12). Portanto, a palavra que aparece em Deuteronômio 6.4 não nega a Trindade, antes estabelece a verdade de o Deus da Bíblia ser um Deus que possui uma unidade composta, onde no contexto de toda a Escritura encontramos três pessoas distintas.


Existe alguma característica essencial da natureza divina que prove a unidade composta de Deus?

As Escrituras Sagradas afirmam que Deus é amor (1Jo 4.8). Sendo assim, Ele deve ser um ser composto, por que como seria amor sem se relacionar com alguém? Alguém pode amar sozinho? Se houve um tempo em que Deus estava sozinho, pois não havia nenhuma criação (Is 44.24), e Deus não pode mudar (Tg 1.17), então necessariamente Ele é um ser com posto, pois nunca deixou de ser amor, mesmo antes de toda a sua criação ter sido feita e organizada por Ele.

Se Deus estava sozinho na criação, como acreditar que existe uma Trindade criadora e eterna (Is 44.24)?

A palavra "Deus" na Bíblia é uma polissemia (palavra que é empregada com mais de um significado), sendo utilizada tanto para o Pai (1Pe 1.2, 3) como para o Filho (Tt 2.13) e para o Espírito Santo (At 5.3, 4). Essa mesma palavra aparece também na Bíblia, com referência ao Deus trino (Dt 6.4; SI 83.18). É neste sentido que encontramos a declaração do profeta Isaías de que Deus (o Deus trino) criou tudo sozinho. O Pai criou (Jr 27.4, 5), o Filho criou (Cl 1.16-18) e o Espírito Santo também criou (Jo 26.13; 33.4), porém o Deus trino estava sozinho na criação, por não haver outro Deus além dele (Is 43.10).

Como pode existir uma Trindade de três seres distintos de igual natureza divina se a Bíblia afirma que não existe ninguém semeIhante a Deus (Is 40.25)?

Os trinitarianos não acreditam que o Filho ou o Espírito Santo sejam semelhantes a Deus, pois Eles não se assemelham a ninguém (Is 40.25; 44.8). Porém, as Escrituras usam vários textos que apontam para Deus como um ser composto e pluralizado (Gn 1.26, 27; Gn 3.22; Gn 11.7-9). O Filho e o Espírito Santo não são semelhantes a Deus, antes, porém, constituem essencialmente o único Deus existente, do qual não há semelhante. Portanto, quando as Escrituras judaicas declaram que ninguém é semelhante a Deus, não está afirmando nada com relação às pessoas da divindade, mas contra as outras supostas divindades, das quais não existe nenhuma semelhante ao Deus Eterno.

domingo, 11 de julho de 2021

Como a doutrina da Trindade pode ser bíblica se as escrituras afirmam que o Pai não é o Filho (Jo 8.17, 18)?

A doutrina trinitariana não compartilha da ideia de que o Pai celestial seja a mesma pessoa que o Filho. Portanto, a distinção entre ambos não é um empecilho. A Bíblia faz uma distinção entre as pessoas do Pai e do Filho (Jo 8.17, 18), e declara haver um único Deus verdadeiro (1Tm 2.5), e que tanto o Pai como o Filho são este único Deus (Jo 17.3; 1J0 5.20 [A "vida eterna" citada no texto é Jesus Cristo, de acordo com 1Jo 1. 2]).

Como posso crer na Trindade se ela está além da compreensão humana?

Se algo está além da compreensão humana, não deve ser visto como motivo suficiente para ser rejeitado. A Bíblia declara que Deus não teve começo nem fim, pois é eterno (Sl 90.2). Será que, por não conhecermos e nem entendermos como algo pode existir eternamente por si mesmo, de veríamos rejeitar a afirmação bíblica de que Deus seja eterno?

As Escrituras Sagradas confirmam o fato de que Deus, além de um ser misterioso (Is 45.15), também está muito acima dos homens com respeito ao conhecimento (Is 55.8, 9). Além disso, aceitamos que quem crê em Deus é por fé, e não pelo nosso raciocíniológico, que possui suas limitações diante da convicção dada pela fé (Hb 11.1-3). Se conhecêssemos a Deus em sua totalidade, Ele deixaria de ser Deus, e nós deixaríamos de ser humanos!

Por que devo crer na Trindade, se nem mesmo tal palavra aparece na Bíblia?

Se rejeitássemos a doutrina da trindade pelo simples fato de a palavra "Trindade" não aparecer em nenhum lugar na Bíblia, teríamos de rejeitar também a doutrina bíblica da "onisciência" de Deus, visto que não encontramos essa palavra nas Escrituras Sagradas. Mesmo assim, a onisciência de Deus é ensinada na Bíblia com outros termos (Sl 139.1-6). Não encontramos a palavra "Bíblia" na própria Bíblia, então deveríamos também rejeitar o fato de sua existência? A palavra "Trindade" foi criada apenas para nomear uma doutrina bíblica, e não para criá-la, assim como usamos a palavra "Cristologia" quando nos referimos à doutrina da natureza e obra de Cristo, mesmo sem essa terminologia aparecer na Bíblia.




Todas as pessoas que negam a doutrina da Trindade também negam a divindade de Cristo?

Nem sempre. Os trinitarianos creem em um ser trino (Pai, Filho e Espírito Santo) compondo o único Deus verdadeiro. Este ser, portanto, seria formado por três pessoas divinas e distintas. Assim, consequentemente, admitem ser Jesus Cristo também divino e que compartilha de uma mesma natureza com o Pai celestial, mesmo não sendo necessariamente a mesma pessoa que Ele. Alguns outros acreditam que a doutrina da trindade não é bíblica, mas admitem a divindade de Cristo, declarando ser ele o próprio Deus-Pai que se manifestou de modos distintos no decorrer da história humana (Modalismo). Este ensino é contrário às afirmações claramente bíblicas que demonstram não ser Jesus Cristo o próprio Deus-Pai (Jo 5.31, 32; 8.17, 18; 17.3-6). Outros acreditam que o Filho e o Pai são divinos (binitarismo), mas não o Espírito Santo, o que é contraditório à luz de Atos dos apóstolos (At 5.3, 4).

É a doutrina da Trindade um ensino claramente bíblico?


Sim. Apesar de a Bíblia citar outros seres, chamando-os de "deus" ou "deuses" (Jz 8.33; Is 44.15-17; 2Co 4.4), declara explicitamente haver apenas um único ser que, por direito de natureza, pode ser corretamente chamado de "Deus" (1Co 8.4; Gl 4.8), pois todos os outros supostos "deuses" não possuem nenhuma natureza divina, antes são assim chamados por aqueles que os atribuem tal qualidade (se, para alguém, o dinheiro é um "deus", isso não faz do dinheiro um deus, de fato, em si). A Bíblia afirma, então, existir apenas um único Deus, em três pessoas distintas que compõem este mesmo Deus: o Pai (1Pe 1.2, 3), o Filho (Tt 2.13) e o Espírito Santo (At 5.3, 4).

A doutrina da Trindade é declarada implicitamente no uso da própria palavra "Deus" (Elohim) no primeiro capítulo do livro de Gênesis, onde a palavra aparece no plural, mesmo se referindo a um único ser criador de todas as coisas (Gn 1.1-31). A palavra de Deus também afirma que o Senhor criou o homem, e usa uma expressão pluralizada para se referir a este Deus (Gn 1.26, 27), mesmo afirmando também que Deus não possuía parceiros na criação (Is 40.14; 44.24). Essa mesma pluralidade na trindade também é demonstrada em outras citações, como a queda de Adão e Eva (Gn 3.22) e a confusão de línguas em Babel (Gn 11.7-9).

Esta doutrina certamente só foi declarada de forma explícita no NT por causa das tendências idolatras do povo de Israel (Is 1.2-4), para não confundirem a natureza do único Deus verdadeiro com as tríades dos deuses pagãos conhecidas pelos israelitas desde o período entre o êxodo e o término do cativeiro persa. Lembrando que, desde a saída de Israel do Egito até o término do cativeiro babilônico (539 a.C.), os israelitas sempre foram tendentes a idolatria e constante desvio para cultuar falsas divindades, e não estariam preparados para um relacionamento com o único Deus cuja natureza é plural. Uma vez solucionado este problema após o cativeiro, e o retorno a Israel nos dias de Zorobabel, Esdras e Neemias, agora a revelação de Deus estava prestes a se consumar no NT com a manifestação do Messias aguardado pela nação inteira, e a apresentação plena do Deus mencionado em todo o AT.

Qual a definição de Trindade?

DEFINIÇÃO

Doutrina cristă implícita no AT que se refere à natureza de Deus como sendo composta por três pessoas distintas e essencialmente divinas. A doutrina da trindade não nega o monoteísmo judaico-cristão, antes explica e estabelece, de forma mais definida, que tipo de ser é o Deus revelado nas Escrituras Sagradas. A doutrina da trindade estabelece o fato de que, mesmo a Bíblia afirmando existir um único Deus por natureza (Is 43.10; 1Co 8.4; Gl 4.8), tanto o Pai (1Pe 1.2, 3) como o Filho (Tt 2.13; 2Pe 1.1) e o Espírito Santo (At 5.3, 4; Hb 10.15, 16) são chamados de Deus.


sexta-feira, 9 de julho de 2021

O que a Bíblia diz sobre doenças pandêmicas?

Vários surtos de doenças pandêmicas, como o Ebola ou o coronavírus, têm levado muitos a perguntar por que Deus permite - ou mesmo causa – essas doenças e se são um sinal do fim dos tempos. A Bíblia, particularmente o Antigo Testamento, descreve inúmeras ocasiões em que Deus trouxe pragas e doenças sobre o Seu povo e os Seus inimigos "para mostrar a você o meu poder" (Êxodo 9:14, 16). Ele usou pragas no Egito para forçar o Faraó a libertar os israelitas da escravidão, ao mesmo tempo poupando o Seu povo de ser afetado por elas (Êxodo 12:13; 15:26), indicando assim o Seu controle soberano sobre doenças e outras aflições.

Deus também alertou o Seu povo sobre as consequências da desobediência, as quais incluíram pragas (Levítico 26:21, 25). Em duas ocasiões, Deus destruiu 14.700 pessoas e 24.000 pessoas por vários atos de desobediência (Números 16:49 e 25:9). Depois de dar a Lei Mosaica, Deus ordenou que o povo a obedecesse ou sofresse muitos males, incluindo algo que se parecia com o Ebola: “O Senhor os ferirá com fraqueza, febre e inflamação… e isto os perseguirá até que vocês pereçam” (Deuteronômio 28:22). Estes são apenas alguns exemplos de muitas pragas e doenças que Deus causou.

Às vezes é difícil imaginar nosso Deus amoroso e misericordioso demonstrando tanta ira e raiva em relação ao Seu povo. Mas os castigos de Deus sempre têm o objetivo de arrependimento e restauração. Em 2 Crônicas 7:13–14, Deus disse a Salomão: “Se eu fechar o céu de modo que não haja chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra, ou se enviar a peste entre o meu povo, se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar, me buscar e se converter dos seus maus caminhos, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” Aqui vemos Deus usando o desastre para atrair o Seu povo para Si mesmo, a fim de causar o arrependimento e o desejo de vir a Ele como filhos de seu Pai celestial.

No Novo Testamento, Jesus curou “todo tipo de doenças e enfermidades”, bem como pragas, nas áreas que visitou (Mateus 9:35; 10:1; Marcos 3:10). Assim como Deus escolheu usar pragas e doenças para mostrar o Seu poder aos israelitas, Jesus curou como uma exibição do mesmo poder para comprovar que era verdadeiramente o Filho de Deus.

Ele deu o mesmo poder de cura aos discípulos para autenticar o ministério deles (Lucas 9:1). Deus ainda permite a doença para os Seus próprios propósitos, mas, às vezes, as doenças, até mesmo as pandemias mundiais, são simplesmente o resultado de vivermos em um mundo caído. Não há como determinar se uma pandemia tem ou não uma causa espiritual específica, mas sabemos que Deus tem controle soberano sobre todas as coisas (Romanos 11:36) e as usa para o bem daqueles que O conhecem e amam (Romanos 8:28).

A disseminação de doenças como o Ebola e o coronavírus é um antegosto de pandemias que farão parte do fim dos tempos. Jesus Se referiu a pragas futuras associadas aos últimos dias (Lucas 21:11). As duas testemunhas de Apocalipse 11 terão poder "para ferir a terra com todo tipo de flagelos, tantas vezes quantas quiserem" (Apocalipse 11:6). Sete anjos causarão sete pragas em uma série de julgamentos finais e severos, assim como descritos em Apocalipse 16.

O aparecimento de doenças pandêmicas pode ou não estar ligado a algum julgamento específico do pecado por parte de Deus. Também pode ser simplesmente o resultado de vivermos em um mundo caído. Como ninguém sabe a hora da volta de Jesus, devemos ter cuidado ao dizer que as pandemias globais são uma prova de que estamos vivendo no fim dos tempos. Para aqueles que não conhecem Jesus Cristo como Salvador, a doença deve ser um lembrete de que a vida nesta terra é tênue e pode ser perdida a qualquer momento. Por pior que sejam as pandemias, o inferno será pior. O cristão, no entanto, tem a certeza da salvação e a esperança da eternidade por causa do sangue de Cristo derramado na cruz por nós (Isaías 53:5; 2 Coríntios 5:21; Hebreus 9:28).

Como os cristãos devem responder a doenças pandêmicas? Primeiro, não entrem em pânico. Deus está no controle. A Bíblia diz o equivalente a "não tema" mais de 300 vezes. Segundo, sejam sábios. Tomem medidas sensatas para evitar a exposição à doença e para proteger e prover para a sua família. Terceiro, procurem oportunidades para o ministério. Muitas vezes, quando as pessoas têm medo de perder as suas vidas, elas estão mais dispostas a ter conversas sobre a eternidade. Sejam ousados e compassivos ao compartilhar o Evangelho, sempre falando a verdade em amor (Efésios 4:15).


O que a Bíblia diz sobre quais comidas devemos comer? Há comidas que um Cristão deve evitar?

Levítico capítulo 11 nos dá uma lista de restrições alimentares que Deus deu à nação de Israel. Essas leis incluíram proibições de comer porco, moluscos, a maioria dos insetos e vários outros animais. Nunca foi a intenção que essas regras alimentares se dirigissem a mais ninguém além de Israel. Jesus depois declarou que todas as comidas era puras (Marcos 7:19). Deus deu ao Apóstolo Pedro a visão na qual Ele declarou que todos os animais eram considerados impuros: “Pela segunda vez lhe falou a voz: Não chames tu comum ao que Deus purificou” (Atos 10:15). Quando Jesus morreu na cruz, Ele deu um fim à lei do Velho Testamento (Romanos 10:4; Gálatas 3:24-26; Efésios 2:15). Isso inclui as leis sobre as comidas puras e impuras.

Romanos 14:1-23 nos ensina que nem todo mundo é maduro o suficiente em sua fé para aceitar o fato de que todas as comidas são puras. Como resultado, se estivermos com alguém que se ofenderia por comermos comida “impura” – devemos parar de comer esse tipo de comida para não ofender a outra pessoa. Temos o direito de comer o que quisermos, mas não temos o direito de ofender a ninguém, mesmo se estiverem errados. Para o Cristão dos dias de hoje, no entanto, temos a liberdade de comer o que tivermos vontade de comer, contanto que não cause outra pessoa a tropeçar em sua fé.

Na Nova Aliança da graça, A Bíblia se preocupa muito mais com o quanto comemos do que com o que comemos. Apetites físicos são uma analogia de nossa habilidade de nos controlar. Se somos incapazes de controlar nossos hábitos alimentares, somos também incapazes de controlar outros hábitos, tais como: os hábitos da mente (desejo sexual, cobiça, ira/ódio injustos) e da nossa boca, como os de fofoca e brigas. Não devemos deixar que nossos apetites nos controlem; na verdade, nós que devemos controlá-los. Veja Deuteronômio 21:20; Provérbios 23:2; 2 Pedro 1:5-7, 2 Timóteo 3:1-9, 2 Coríntios 10:5.

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Os verdadeiros restauradores do Sábado são os adventistas? o sábado precisa ser restaurado como dizem os adventistas do sete dia?

Os verdadeiros restauradores do Sábado

Os adventistas acreditam que o personagem identificado na profecia de Daniel como aquele que iria “mudar os tempos e a lei” [Daniel 7.25], é o mesmo personagem do qual o apóstolo Paulo chama de “Homem do pecado” [II Tess. 2.3].

Este líder religioso que eles identificaram com o papa teria o vaticínio de cumprir a mudança da lei de Deus, em especial o quarto mandamento da lei – o sábado.

Sendo assim, os adventistas aplicam a si mesmos uma série de passagens do AT tiradas principalmente do livro do profeta Isaías, tais como: 8.16; 56.1-8; 58.1-14, e do NT – Apocalipse 14. Segundo eles, estas passagens indicam uma suposta profecia que se cumpriria nos últimos dias. É claro, o cumprimento desta profecia se cumpriria neles mesmos, ou melhor, na Igreja Remanescente que diz estar profetizada em Apocalipse 14.12 como os que guardam os mandamentos de Deus. Ela seria a igreja que taparia a brecha que o papado fez na lei de Deus Isaías 58.12-14.

Vejamos o que disse Ellen G. White no livro “O Grande Conflito” no capítulo 26 página 451 sob o título “Restauração da Verdade”.

“A obra da reforma do sábado a realizar-se nos últimos tempos acha-se predita na profecia de Isaías…56:1, 2, 6 e 7.”

E mais: “Os discípulos de Jesus são chamados para que o estabeleçam, exaltando o sábado do quarto mandamento à sua devida posição…” (pág. 452)

Como vimos eles acreditam piamente que são os restauradores do antigo dia judaico de descanso.

Mas quão verídica são essas afirmações? Resistem elas ao escrutínio de uma pesquisa bem apurada? Agüentariam elas a um exame histórico? 

Veremos no desenrolar deste estudo em quem se encaixa melhor estas prerrogativas.


ANALISANDO A PROFECIA DE ISAÍAS 

Isaías 56.1-7 – “Bem-aventurado o homem que fizer isto, e o filho do homem que lançar mão disto: que se abstém de profanar o sábado, e guarda a sua mão de cometer o mal… Pois assim diz o Senhor a respeito dos eunucos que guardam os meus sábados, e escolhem as coisas que me agradam, e abraçam o meu pacto… E aos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu pacto”

Em cima desta profecia os adventistas extraem os seguintes argumentos:

“Estas palavras se aplicam à era cristã, como se vê pelo contexto: “Assim diz o Senhor Jeová, que ajunta os dispersos de Israel: Ainda ajuntarei outros aos que já se lhe ajuntaram.” Isaías 56:8. Aqui está prefigurado o ajuntamento dos gentios pelo evangelho. E sôbre os que então honram o sábado, é pronunciada uma bênção. Destarte, o dever relativo ao quarto mandamento estende-se através da crucifixão, ressurreição e ascensão de Cristo, até ao tempo em que os Seus servos deveriam pregar a tôdas as nações a mensagem das alegres novas.” (ibdem)

O fato é que esta não é uma profecia para a igreja de Cristo como querem os adventistas.

Ali fala de gentios que se juntariam ao povo de Israel, não como cristãos, mas como prosélitos judeus. Tanto é assim que o texto condiciona estas bênçãos somente aqueles que “abraçam o meu pacto”. Para provar que este pacto não se refere ao Novo Pacto inaugurado por Cristo, mas antes, ao Velho Pacto israelita, o profeta cita “meu santo monte”, sem dúvida o monte Sião onde ficava o templo (casa de oração) que era o coração da religião judaica. Menciona também “holocaustos”, “sacrifícios” e “altar”. Não há dúvidas que estes “estrangeiros” do qual fala o texto são aqueles que aceitavam o pacto israelita e se juntavam ao povo de Israel debaixo do Antigo Concerto. Eles não só guardariam o sábado, mas todas os 613 preceitos da Aliança do Sinai. Eis as provas:

“Uma mesma lei e uma mesma ordenança haverá para vós e para o estrangeiro que peregrinar convosco.” ( Nm15.16). 

Portanto, este trecho não dá a mínima base para as alegações adventistas. Neste mesmo diapasão são todos os textos do VT invocados por eles. Nada fala sobre uma pretensa profecia para a igreja cristã e menos ainda que isto se cumpriria na igreja adventista.

Mas então, por que os adventistas, mesmo não tendo base exegética ainda sustentam de unhas e dentes essas cavilações? Simples, somente pelo fato de elas terem sido “reveladas” a sua profetiza em uma suposta visão:

“Foi-me mostrado que as preciosas promessas de Isaías 58:12.14 se aplicam aos que trabalham pela restauração do verdadeiro sábado” (Vida e Ensinos pág. 85)

Veja que toda essa exegese defeituosa parte de pressuposto suspeitadíssimos. A teologia adventista nasceu não de uma exegese sadia dos textos, mas de alegadas visões espirituais.

Observe outro trecho do mesmo livro citado: “Em algumas ocasiões o Espírito de Deus descia sobre mim, e porções difíceis eram esclarecidas pelo modo indicado por Deus, e havia então perfeita harmonia. Éramos todos de um mesmo pensamento e espírito.” (ibdem pág. 192)

Agora podemos entender por que os adventistas, mesmo não tendo apoio bíblico algum, nem respaldo de eruditos sérios na área da teologia, ainda insistem nestas interpretações distorcidas. Eles precisam forçar ao máximo as escrituras para se ajustar às interpretações visionárias de sua profetisa.

ONDE SE CUMPRIU ESTA PROFECIA?

Sabemos que na época de Isaías o povo havia abandonado a lei de Deus. O povo outrora escolhido estava agora agindo pior do que os pagãos. Eles haviam se voltado para os ídolos e deixado de praticar todos os sábados, seja quais fossem, semanais ou anuais. Com o passar dos anos todas essas transgressões haviam chegado ao limite e Deus então permite os inimigos de Israel levarem-no cativo como havia predito por Moisés dizendo:

“Espalhar-vos-ei por entre as nações e, desembainhando a espada, vos perseguirei; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades se tornarão em deserto.Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; nesse tempo a terra descansará, e folgará nos seus sábados. Por todos os dias da assolação descansará, pelos dias que não descansou nos vossos sábados, quando nela habitáveis.” (Levítico 26.34-43)

“E aos que escaparam da espada, a esses levou para Babilônia; e se tornaram servos dele e de seus filhos, até o tempo do reino da Pérsia, para se cumprir a palavra do Senhor proferida pela boca de Jeremias, até haver a terra gozado dos seus sábados; pois por todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram.” (II Cr.36.14-21)

Passaram cativos 70 anos (Daniel 9.2) em Babilônia, pois haviam transgredido o mandamento dos sábados (Daniel 9.10). Enquanto isto a terra teve seu repouso sabático. Mesmo assim durante o cativeiro o povo continuou quebrantando o sábado (Ezequiel 22.26). Quando Deus permitiu que seu povo retornasse ao seu território através de Esdras e Neemias esta profecia da restauração dos sábados se cumpriu de modo cabal (Neemias 13). Da época de Neemias, passando pelos Macabeus e culminando nos fariseus da época de Cristo a lei do sábado foi cada vez mais acentuada à ponto de muitos judeus torná-lo insuportável. Portanto, se houve um cumprimento desta profecia, seu cumprimento foi aqui e não no século XIX como querem os adventistas.

COMO A DOUTRINA DO SÁBADO ENTROU NO MEIO ADVENTISTA

Muitos ficariam surpresos ao descobrirem que os adventistas do sétimo dia nem sempre guardaram o sábado. Isto por que 99% dos mileristas, que segundo alguns, chegou a cifra de 1 milhão, eram fiéis guardadores do domingo.

A respeito de Miller certo escritor adventista afirma: “Miller jamais se tornou um adventista do sétimo dia. Rejeitou doutrinas básicas dos adventistas do sétimo dia – como o sábado…Finalmente morreu como membro da igreja batista, e irredutível observador do domingo.” (Subtilezas do Erro, pág. 40)

Como vimos, Miller, o líder deste movimento nos EUA era observador do domingo, assim como Tiago White e Ellen G. Harmon, mais tarde Ellen White.

Muitos adventistas acreditam que a doutrina do sábado foi divinamente inculcada através da chamada “luz progressiva”, “verdade presente” e termos afins. É exatamente isso que tenta passar Ellen White ao dizer: “O Espírito de Deus tocou o coração dos que estudavam a sua palavra. Impressionava-os a convicção de que haviam ignorantemente transgredido este preceito…” (O Grande Conflito pág. 433)

Mas a verdade é bem diferente. O caso é que o sábado foi introduzido no movimento adventista por influencia de pessoas que já guardavam-no.

Falando daqueles primeiros tempos de formação do movimento, historia certo escritor:
“Este grupinho de fiéis testemunhas, desapontadas, mas não desiludidas; foram aos poucos recebendo novas luzes. E assim, aceitaram o sábado como em vigor na dispensação cristã. Este mandamento da imutável lei de Deus foi introduzido no movimento pela senhora Raquel Preston, egressa da igreja Batista do Sétimo Dia, aceito e pregado veementemente por José Bates, e mais tarde ratificado através de visões celestiais, por Ellen G. White. Porém foi T.M Preble, o primeiro a comunicar esta grande verdade por meio da imprensa aos mileritas do advento” (Assim Diz o Senhor, Lourenço Gonzalez – ed. ADOS pág. 415)

Em agosto de 1844, Thomas Preble, antes ministro batista, por si mesmo ou por influência de Rachel Oakes ou Frederick Wheeler, também aceitou a observância do sábado do sétimo dia. A Sra. Raquel Preston, batista do sétimo dia chegou a visitar a igreja de New Hampshire em Washingtom, conseguindo persuadir seus membros á observância do sábado. Tempos depois em meados de 1845, o sr. Joseph Bates visitou aquele grupo e foi influenciado por eles e pela leitura do artigo de T.M. Preble sobre a questão do sábado. (LeRoy Edwin Froom – The Prophetic Faith of our Fathers, vol. IV, páginas 920 a 936 e 941)
Bates começou a guardar o sábado em março de 1845, sendo assim o primeiro dos preeminentes guias pioneiros do povo adventista do sétimo dia a aceitar o sábado.( Fundadores da Mensagem, pág. 98)

Bates, posteriormente, publicou um folheto intitulado “The Seventh-day Sabbath”, que foi lido por Tiago e Ellen White. Assim, o trio de firmes lideres da denominação adventista uniu-se quanto ao sábado. Mais tarde a sra. White viria confirmar com suas visões a doutrina sabatista.

Como pormenorizado acima, apesar de a idéia do sábado ter sido introduzida por outros sabatistas, quem maior labutou para sua propaganda no meio adventista foi o ex-marinheiro José Bates.

É interessante acompanhar este pormenor, pois revela algo curioso.


A POLÍTICA DO TOMA LÁ DA CÁ

Quando Bates veio fazer parte do movimento adventista ele não cria nas visões e profecias de Ellen White. Observe as queixas de Ellen White a este respeito:
“A primeira vez que me ouviu falar manifestou profundo interesse, Depois que eu acabara de falar, levantou-se e disse: ‘Eu duvido como Tomé. Não creio em visões…”(Vida e Ensinos pág. 84)

“Ele não cria então inteiramente que minhas visões provinham de Deus.” (ibdem, pág. 87)
Por sua vez a senhorita Harmon não aceitava a doutrina do sábado, dizia ela:
“O pastor Bates guardava o sábado, sétimo Dia da semana, e para esse dia nos chamava a atenção como sendo o verdadeiro sábado. Eu não compreendia sua importância e achava que ele errava em ocupar-se com o quarto mandamento mais do que com os outros nove” (ibdem)
É preciso ressaltar que ela veio atestar com suas “revelações” a doutrina do sábado, somente depois que ele (Bates) aprovou suas visões como sendo de procedência divina. Logo após esta concessão feita por Bates ela teve uma visão da arca, do propiciatório e do 4º mandamento. Assim ela recebia a luz concernente ao sábado…

VISÕES: A FERRAMENTA DA MANIPULAÇÃO

“O Senhor porém, me deu uma visão do santuário celestial…Jesus levantou a cobertura da arca e contemplei as tábuas de pedra…Fiquei aterrada quando vi o quarto mandamento mesmo no centro dos dez preceitos, com uma suave auréola de luz rodeando-o.” (Ibdem pág.92)
Depois deste acordo subjetivo ela começou a pregar a doutrina sabatista.

“Nos primeiros anos de seu trabalho, numa ocasião em que ela, seu esposo e o pastor Bates eram quase os únicos que pregavam a verdade do sábado…” (Vida e Ensinos pág. 249)
Isso não é no mínimo suspeito? Esse esquema de concessões explica como o sábado entrou para o bojo das doutrinas adventistas. Este pequeno episódio também serve como uma amostra de como Ellen White usava e abusava de sua autoridade como profetisa no meio do movimento. A credibilidade dos leigos em suas supostas revelações, visões e profecias deram a ela a ferramenta ideal para controlar e rebater aqueles que lhe contestavam. Todas as vezes que alguém se opunha às suas opiniões religiosas, imediatamente ela “caia” em visões. O interessante disso tudo é que tais visões sempre confirmavam seu ponto de vista na questão, até mesmo seu marido não escapou desta artimanha.

Certa vez Tiago White intentou deixar o trabalho de publicação o informativo “Revista do Advento e Arauto do Sábado”, devido a vários problemas, mas Ellen White não era da mesma opinião, então logo após ter recebido a notícia ela conta a reação que tivera:

“Quando ele saiu da sala para levar a nota a redação, desmaiei”.

No dia seguinte ela impôs seu ponto de vista com uma de suas visões, “Na manhã seguinte, durante o culto doméstico, caí em visão e fui instruída a respeito do assunto. Vi que meu marido não devia abandonar o jornal…” (Vida e Ensinos, pág. 140)

Outro caso foi quanto ao sábado. Um jovem adventista do primeiro dia ainda resistia a idéia de guardar o sétimo dia, mas então…: “Um deles não estava de acordo conosco quanto à verdade do sábado…Ellen se levantou em visão, tomou a Bíblia grande, elevou-a perante o Senhor, e falou fazendo uso dela levando-a até aquele humilde irmão…” (Vida e Ensinos, pág. 119)

As visões de Ellen White era o arbitro em matéria de fé e doutrina. Veja o que diz certo livro adventista:

“Segundo Ford, ‘Ellen White mudou várias posições doutrinárias’ tais como o horário de início do sábado, o uso da carne de porco, benevolência sistema versus dízimo, o significado da porta fechada, a lei em Gálatas, etc. A concepção de Ellen White acerca de certos pontos das Escrituras de fato mudou, como resultado do estudo da Bíblia e da luz progressiva que ela recebia do Senhor. Vários dos exemplos de Ford são válidos, mas outras não o são. Os próprios escritores bíblicos por vezes encontravam-se em erro quanto a sua teologia, e tinham de ser corrigidos. O mesmo ocorreu com Ellen White. Por vezes ela não compreendia certos ensinos bíblicos até que eles lhe eram apresentados em visão.”(o grifo é nosso)(101 Questões Sobre o Santuário e sobre E. G. White, p. 68,69) (o grifo é nosso) “Ellen White teve participação no desenvolvimento da doutrina, mas não foi ela quem ‘lançou as bases da fé adventista’…Com suas visões, Ellen apenas confirmou o que já se havia estudado.” (Revista Adventista Abril 2001 pág. 10)

Por fim Ela chegou às raias do absurdo em dizer: “Santificar o Sábado ao Senhor importa em salvação eterna.” (Testemunhos Seletos, vol. III, p. 23)

Contudo, muitos foram humildes em reconhecer seu erro como fez o próprio líder do movimento, Guilherme Miller e abandonou estes absurdos.Quanto a isso lamenta Ellen White:
“A Maioria dos adventistas rejeitaram as verdades atinentes ao santuário e à lei de Deus…” ( O Grande Conflito pág. 456)


BATES: UMA PEÇA IMPORTANTE NO QUEBRA CABEÇAS

Dirk Anderson, ex-adventista que se tornou um incansável pesquisador sobre adventismo e do fenômeno Ellen White, revela o seguinte:

“O pioneiro adventista Joseph Bates já se revelava grande entusiasta e promotor da causa do sábado em princípios da década de 1840 e escreveu um livro expondo idéias sobre “a marca da besta” como sendo o domingo antes de sequer ter conhecido o casal White. Posteriormente, em seu outro livro, Second Advent Waymarks and High Heaps, publicado em 1847, declara que uma linha de separação fora traçada entre os adventistas da experiência de 1844 e as “igrejas nominais” da “Grande Babilônia”. O sábado seria o “teste de sua sinceridade e honestidade quanto à Palavra de Deus integral” (Op. Cit., pág. 114).

Bates entendia que todos os seres humanos estavam no período de “sete anos” antecedentes ao advento, que, imaginava, ocorreria em 1851 (calculados à base das sete aspersões de sangue sobre o santuário-cf. Lev. 16:14). Os que aceitassem o testemunho da observância do sábado até o fim desse “período de prova” receberiam o “Selo de Deus”, e os que o rejeitassem receberiam a “Marca da Besta”, identificando-se com as igrejas “babilônicas”.
Em Primeiros Escritos, págs. 42, 43 (capítulo “A Porta Aberta e a Fechada” com data de 24-03-1849), a Sra. White fala repetidamente da “prova presente do sábado”, “prova quanto ao sábado que temos agora”, “este tempo de selamento”, e até de “clamor da meia-noite terminado no sétimo mês, 1844″. Tal tese da “prova do sábado/selamento agora” parece clara indicação de que as idéias de Bates quanto a ser o sábado um teste entre 1844-1851 foram adotadas pelo casal White, que tinha especial amizade por Bates.

Assim, os conceitos de “lei dominical” e “sábado X domingo” como confronto final na história humana antecedem a redação de O Conflito dos Séculos, tendo por base as idéias propagadas por Joseph Bates mesmo antes de a Sra. White e esposo terem-se definido pessoalmente pela guarda do sábado.

Urias Smith, grande entusiasta da decodificação dos símbolos proféticos da Bíblia, ajustou mais tarde a interpretação de Apocalipse e Daniel às noções sabatarianas de Bates, aproveitando velhas interpretações anticatólicas que prevaleciam entre protestantes conservadores quanto a Babilônia, a besta, o número 666, etc. Essas questões todas encontraram espaço em O Conflito dos Séculos, não sendo tais conceitos, pois, fruto de supostas visões.” (Até aqui Dirk Anderson)

BATISTAS OU ADVENTISTAS?

Os adventistas se ufanam em dizer que neles se cumpre a profecia da restauração do sábado. Este, segundo Ellen White, seria o mandamento mais transgredido pelos homens. Alguns adventistas chegam ao absurdo em dizer que sua transgressão é diferente, sendo até mesmo pior do que pecar contra os demais mandamentos das Escrituras, tal é o valor que tributam ao 4º mandamento. Mas como já vimos toda esta pretensão fantasiosa cai por terra quando sabemos que muitas igrejas já guardavam o sábado muito antes dos adventistas do Sétimo Dia entrar em cena.

Vimos que foi uma ex-batista do sétimo dia que trouxe este costume para dentro do movimento e que mais tarde foi solidamente difundido por Joseph Bates e ratificado pelas visões de Ellen White. Na verdade, os Batistas já pregavam há muito tempo a doutrina do sábado. Se os adventistas alegam que receberam a doutrina do sábado através duma “luz adicional” ou “luz progressiva”, não poderiam os batistas do sétimo dia ter tido tal revelação? Vamos ver o que eles entendem por luz progressiva. Christianini criticando as Testemunhas de Jeová sobre utilizar tal recurso para desculpar seus erros teológicos, arrazoa dizendo:

“As testemunhas de Jeová, baseadas em Prov. 4:18, especialmente na expressão de que a luz vai “brilhando mais e mais até ser dia perfeito”, afirmam que recebem revelação progressiva.

Entendemos por revelação progressiva a descoberta de uma verdade até então ainda não entendida. ( Arnaldo B. Christianini em Radiografia do Jeovismo)
Ora, nisto os adventistas se contradizem, pois alegam que receberam tal doutrina através duma luz adicional, e como constatamos acima tal luz adicional significa “a descoberta de uma verdade até então ainda não entendida”.

Porventura, os batistas há muito já não haviam descoberto esta tal verdade do sábado? Diante disso se torna inconsistente as alegações adventistas.

Para confirmar esta verdade vamos lançar mão de um depoimento encontrado no site da Convenção da Igreja Batista do Sétimo Dia:

“Grande número de igrejas denominadas Batistas do Sétimo Dia apareceram no século dezesseis. Havia então trinta e duas igrejas com essa denominação nas Ilhas Britânicas. A igreja de Mill Yard, em Londres, fundada em 1617, ainda está viva. Na Europa também existem igrejas da mesma fé, na Holanda, Alemanha, Polônia, grupos na Finlândia, Tchecoslováquia, Hungria e outros países.Da Inglaterra o movimento propagou-se para a América, sendo organizada a primeira Igreja Batista do Sétimo Dia em Newport, Rhode Island, em 1671/1672. A fundação de igrejas dessa denominação na América seguiu a onda de emigração e se estendeu a todos os continentes e ilhas do mar. Atualmente os Batistas do Sétimo Dia possuem igrejas em muitos países, de todos os continentes; e, por meio deles, outros grupos de cristãos têm aceito o Sábado.”

O mesmo autor adventista acima citado também confirma este fato:

“No século XVII, fundou-se em Newport, (Rhode Island, EE. UU.). precisamente em 1671, a Igreja Batista do Sétimo Dia. No século XVIII fundou-se a Comunidade Efrata, por John Conrad Beissel, em Lancaster. precisamente em 1 732.Convenceu-se depois do dever de observar o sétimo dia como dia de repouso e publicou Das Büchlein vom Sabbath (Philadelphia, 1728). E no século XIX, em 1844 surgiu nos Estados Unidos o movimento que, anos depois, teria a denominação de Adventistas do Sétimo Dia, de âmbito mundial” (Subtilezas do Erro, pág. 167)

Se a profecia de Isaias sobre a tal restauração realmente alcançou a era cristã, cabe aqui uma pergunta: quem restaurou o sábado afinal? Os adventistas em 1846 ou os Batistas em 1617?

Será que a profecia de Apocalipse 14.12 é exclusiva dos adventistas? Não se cumpriria também em outras denominações que já guardavam o sábado bem antes dos adventistas aparecerem?

Dos Batistas do Sétimo Dia é que surge Samuel Mumford, que emigrou para a América Colonial em 1664, tornando-se o primeiro guardador do sábado do sétimo dia no Novo Mundo.(LeRoy Edwin Froom – The Prophetic Faith of our Fathers, vol. IV, páginas 906 e 907)

Os adventistas passam a imagem de que são os únicos no mundo que preenchem de modo cabal tal versículo. Perguntamos mais uma vez: os batistas do sétimo dia têem fé em Jesus e guardam os mandamentos de Deus ou isso é exclusivo dos adventistas? Deixemos que eles mesmos respondam:

“Pela misericórdia de Deus e graça de nosso Senhor Jesus Cristo, humilde e sinceramente cremos que sempre houve e haverá um remanescente de cristãos fiéis à Sua Palavra, aos quais se aplicam as palavras proféticas do Apocalipse: “Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus”(Apoc. 14:12).” (extraído do site oficial dos Batistas do Sétimo Dia)

Os adventistas sabem muito bem disso, pois chegaram até confessar o débito que têm para com esta última denominação:

“Já indicamos o débito especial que os adventistas têm para com os batistas do sétimo dia.” (História do Adventismo, pag. 109)


CONCLUSÃO

É preciso um esforço exegético descomunal para acreditar nas alegações adventistas referentes a serem os verdadeiros restauradores do sábado. Diante das provas irrefutáveis expostas acima, não estaria na hora dos líderes adventistas mudarem sua história? Pelo menos se harmonizaria melhor com os fatos! Se a profecia de Isaías capítulos 56 e 58 refere-se a uma restauração esta nunca poderia ter se cumprido entre os adventistas pelos motivos já vistos. Se alega-se que a profecia tem duplo cumprimento este só pode ter sido preenchido pelos batistas do sétimo dia. Mas isto é pouco provável diante de textos como o de Oséias 2.11 que prediz de modo inequívoco a abrogação de todos os sábados (conf. com Col. 2.16) na era cristã. Não estamos debaixo do sábado mais como mandamento, a não ser que este seja um tipo de modo espiritual em Cristo (Mat. 11.28).

 

Pelo Prof° Paulo Cristiano da Silva

Será que os adventistas estão cumprindo toda a lei?

Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus (14.12)

Adventismo do Sétimo Dia. Diz que este texto trata da igreja Adventista: a igreja remanescente que guarda os manda mentos de Deus, o decálogo.

RESPOSTA APOLOGÉTICA: Pelo visto, os adventistas se esquecem de uma coisa: não havia somente o sábado semanal obrigatório em Israel, mas, na verdade, um ciclo sabático:

a.) Cada semana um dia de descanso (Lv 23.1-3; 

b.) Sete sábados festivos (Lv 23.4-37); 

c.) Em cada sete anos, um ano de descanso (Lv 25.1-7); 

d.) Jubileu-um ano em cada 50 anos (Lv 25.8-17). Todo esse ciclo integrava o antigo concerto que os filhos de Israel de viam obedecer (Êx 31.17,18).

Também integravam o antigo concerto: a.) a circuncisão (Gn 17.9-14; Lv 12.3) e b.) a seguinte exigência: os estrangeiros interessados em participar da páscoa deviam, antes de guardar o sábado, circuncidar-se (Ex 12.48). 

Será que os adventistas estão cumprindo toda a lei?

Fonte: Bíblia apologética 

As 10 perguntas que os adventistas precisam responder...

As 10 perguntas que os adventistas precisam responder

Muitas pessoas passam a vida inteira dentro duma religião, filosofia ou credo sem ao menos perguntar se realmente estão seguindo o caminho certo. Foi assim que a Igreja Católica conseguiu manter cativo nas cadeias da ignorância religiosa as pessoas na Idade Média, até que finalmente chegou o iluminismo da Reforma libertando-as das garras da ignorância. Uma das mais nobres faculdades que Deus dotou o ser humano foi o seu raciocínio, então devemos colocá-la para funcionar. Devemos fazer perguntas, indagar e não aceitar nada que nos é oferecido sem que passe pelo crivo da lógica e da teologia bíblica. E se tratando de religião, devemos ter mais cuidado ainda, caso contrário correremos o risco de estarmos nos afastando dos caminhos de Deus.
Você amigo adventista foi ensinado que o sábado é a “pedra de toque” (O Grande Conflito pág. 611) da fidelidade para com Deus. O sábado se destaca tanto nos ensinos do adventismo que Ellen G. White chega a dizer que “Santificar o sábado ao Senhor importa em salvação eterna” (Testemunhos Seletos, vol. III, p. 23 – 2ª edição, 1956). Pois bem, gostaria que você raciocinasse um pouco sobre este assunto meditando nestas perguntas logo abaixo:

1. Se o sábado é tão importante, porque então não há um mandamento sequer para guardá-lo desde Adão até Moisés?

2. Se o sábado não era somente para o judeu, então porque Deus diz que era um sinal entre Deus e Israel somente? (leia Ezequiel 20:12,20).

3. Se o sábado existia desde o Éden, então porque Deus diz que ele foi dado no deserto?

4. Se o sábado tem força de lei para a igreja, então porque nunca vimos a igreja primitiva se reunir no sábado, mas sempre no 1º dia da semana? (leia Atos 20:7 e I Coríntios 16:2).

5. Se o sábado se revesti de tamanha importância, então porque Jesus não realizou sua maior obra nele – a ressurreição.

6. Se o sábado era assim de tamanha importância, então porque os evangelistas registram sempre as aparições no 1º dia da semana e não no sétimo? (leia Mateus 28:1; Marcos 16:1; Lucas 24:1 e João 20:1).

7. Porque após a morte dos apóstolos a igreja continuou se reunindo aos domingo e não no sábado?

8. Porque nesta época a história registra que o sábado era guardado somente por seitas do judeu-cristianismo?

9. Porque Homens de Deus como Lutero, Calvino, Wesley, Moody, Finey e tantos outros, citados por Ellen White, guardaram o domingo e não o sábado?

10. Se o sábado fosse parte de uma lei moral poderia uma lei cerimonial quebranta-lo, como era o caso da circuncisão? (leia João 7:22,23)

Ai está amigo adventista, espero que medite nisto com um coração sincero em oração. Portanto, se souber que esteve errado até agora estará disposto a mudar?

Pense nisso!

segunda-feira, 5 de julho de 2021

A Bíblia ensina que Jônatas é Davi eram homossexual?

Introdução

Muito tem sido dito e escrito sobre o amor entre Jônatas, filho de Saul, e Davi, filho de Jessé. Era homossexual a relação que eles tinham? Este estudo tratará não de uma passagem específica, mas de uma série de versículos que, uma vez distorcidos e mal compreendidos, são usados para corroborar a prática homossexual.

Para responder a essa pergunta sobre a relação entre Jônatas e Davi, é necessário que compreendamos o uso da palavra amor no Antigo Testamento, não só dentro da história que envolve Jônatas e Davi, mas em outras envolvendo outras pessoas.

Em nosso próximo estudo (post), veremos como o projeto na criação de Deus para os seres humanos era de uma relação heterossexual entre as pessoas. Este é o projeto natural de Deus. Com o afastamento da humanidade, este projeto, bem como tantas outras coisas, se quebrou, dando origem à homossexualidade como um fruto de abandono de Deus da raça humana, do entregar de Deus às paixões infames da carne a humanidade como um todo. Um sinal disso é justamente as relações homoafetivas.

Veremos que a relação homossexual é fruto de uma mentira na qual a humanidade está. Vimos que:

“Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.  Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.  E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro”. (Romanos 1:25-27)

Este ponto da teologia-bíblica sobre a homossexualidade é claro para todos nós. Não se trata de uma opinião pessoal, ou da cultura de um povo. Trata-se da Palavra de Deus sobre o assunto.

Exposição

Posto isso, vamos às passagens que, normalmente, são distorcidas para forçar, discriminatoriamente (diga-se de passagem), um pecado na vida de Davi que nunca existiu.

Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. Saul, naquele dia, o tomou e não lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai. Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma. Despojou-se Jônatas da capa que vestia e a deu a Davi, como também a armadura, inclusive a espada, o arco e o cinto. Saía Davi aonde quer que Saul o enviava e se conduzia com prudência; de modo que Saul o pôs sobre tropas do seu exército, e era ele benquisto de todo o povo e até dos próprios servos de Saul. (1Samuel 18.1-5)

Bem, aqui começa a confusão. Jônatas amou Davi como à sua própria alma. A palavra usada aqui é אַהֲבָה, de אָהֵב. Esta palavra é normalmente associada em traduções com a palavra amor e, pode estar ligada tanto ao amor como afeição, quanto como atração, ou como um cuidado amoroso entre amigos, ou ainda como um amante mesmo.

O primeiro ponto que temos que considerar aqui é que tanto Jônatas quanto Davi eram homens desempenhando seus papéis na nação, casados e tendo filhos. Davi, inclusive, chegou a ter oito mulheres, indicando qual era sua real dificuldade. Se Davi era, realmente, tentado por homens, como explicar essas oito além das muitas concubinas?

Em segundo lugar, é importante observar que o amor apresentado em 1Samuel 18 nada tem de conotação sexual, não podendo se traduzir אַהֲבָה como um amor de atração. A mesma ideia que se apresenta em 1Samuel 18 aparece nos versos abaixo:

Assim, Davi foi a Saul e esteve perante ele; este o amou muito e o fez seu escudeiro. Saul mandou a Jessé: Deixa estar Davi perante mim, pois me caiu em graça. E sucedia que, quando o espírito maligno, da parte de Deus, vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa e a dedilhava; então, Saul sentia alívio e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele. (1Samuel 16.21–23)

Este texto nos diz que Saul, pai de Jônatas, também amou a Davi. Estaria o texto apresentando uma possível relação homoafetiva entre Saul e Davi? Vejamos o texto abaixo:

Enviou também Hirão, rei de Tiro, os seus servos a Salomão (porque ouvira que ungiram a Salomão rei em lugar de seu pai), pois Hirão sempre fora amigo de Davi. (1Reis 5.1)

Já neste texto, temos outro rei amando Davi. Hirão, rei de Tiro, é apresentado como alguém que todo o sempre amou a Davi. Embora nas versões em português apareça que Hirão sempre fora amigo de Davi (ARA), ou, Hirão havia sido sempre muito amigo de Davi (A21), no texto original, as palavras que aparecem são כָּל־הַיָּמִֽים … אֹהֵ֗ב, ou seja, amou … todo o sempre. אֹהֵ֗ב é a mesma palavra usada para falar do amor de Jônatas por Davi. Estaria o texto dizendo que, além de Jônatas, Saul e Hirão também o amavam homossexualmente?

Bem, outra passagem mal usada é 2Samuel 1.26, na qual Davi afirma que o amor de Jônatas era maior do que o das mulheres:

Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras amabilíssimo para comigo!  Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres. (2Samuel 1.26)

Em que sentido esse amor ultrapassava o de mulheres? No sentido de que a amabilidade de Jônatas superava o modo como algumas mulheres amavam e tratavam a Davi na época. Veja essa experiência de Davi com sua primeira esposa, irmã de Jônatas:

Ao entrar a arca do Senhor na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, estava olhando pela janela e, vendo ao rei Davi, que ia saltando e dançando diante do Senhor, o desprezou no seu coração … Voltando Davi para abençoar a sua casa, Mical, filha de Saul, saiu a encontrar-se com ele e lhe disse: Que bela figura fez o rei de Israel, descobrindo-se, hoje, aos olhos das servas de seus servos, como, sem pejo, se descobre um vadio qualquer! (2Samuel 6.16,20)

Em comparação com o amor de Mical, também filha de Saul, o amor de Jônatas ultrapassava o amor de mulheres. Davi (e muito menos o texto bíblico) não está dizendo que ama Jônatas mais do que ama as mulheres. Davi está apenas percebendo que o amor que Jônatas demonstra por ele é maior do que o cuidado que ele vinha recebendo de mulheres. Para enxergar um amor homossexual aqui, somente usando as lentes da homofobia ou do preconceito.

Sempre foi (e ainda é) comum que homens encontrem em outros homens o cuidado e o amor que, em determinadas situações, supera o amor de mulheres. Considere promessas feitas na guerra por companheiros que dão a vida uns pelos outros, e que se comprometem, como fez C. S. Lewis durante a 1ª Guerra Mundial, com seu amigo Paddy Moore, a cuidar da família um do outro no caso de um deles morrer lutando. Moore faleceu em 1918 durante a guerra na qual ele e Lewis lutaram contra o jovem e, ainda desconhecido, Adolf Hitler, especialmente na Batalha do Somme, em 1916.

Em meio a guerras e outras situações que produzem aflições em nosso coração, se temos um amigo junto a nós, é natural que percebamos o amor cuidadoso desse amigo. Vemos isso na relação entre pais e filhos, entre irmãos e entre amigos. No entanto, não podemos cometer a tolice de, sempre que virmos um homem demonstrando cuidado amoroso ao seu amigo, considerarmos aquilo uma relação homossexual.


Um último absurdo que precisa ser considerado é o do beijo entre Jônatas e Davi:


Indo-se o rapaz, levantou-se Davi do lado do sul e prostrou-se rosto em terra três vezes; e beijaram-se um ao outro e choraram juntos; Davi, porém, muito mais. (1Samuel 20.41)


Qualquer pessoa não homofóbica (ou preconceituosa) saberá ler o contexto e entender o que está acontecendo. Infelizmente, esse tipo de atitude tem levado muitas pessoas a evitarem gestos de carinho por um amigo em público. Recentemente, um pai foi espancado em um show por ter dado um beijo e um abraço em seu filho. Um homem, homofóbico, vendo a cena, incomodou-se e decidiu bater naquele suposto gay. O pai apanhou tanto que terminou sem parte de uma orelha.


Por outro lado, encontramos gays celebrando quando um pai beija seu filho em público, especialmente se ambos já são adultos, porque preconceituosamente consideram aquilo como a atitude de dois gays, quando, na verdade, são pai e filho. Você consegue perceber para onde caminha isso?


Com o tempo, qualquer atitude de um pai com seu filho será tida como um incesto. Qualquer homem que abraçar seu amigo será tido como gay. E, como a Bíblia recomenda o ósculo santo, isso seria um sinal de aprovação bíblica da prática homossexual. Neste ponto, tanto homossexuais preconceituosos quanto homofóbicos raivosos agem de igual modo, ignorando o lado afetivo da amizade entre duas pessoas do mesmo gênero.


E, quando olhamos para a Bíblia, o que vemos é uma clara demonstração do que era, na cultura judaica, o beijo. Era tudo, menos a demonstração de homossexualidade. Veja:


Então, Esaú correu-lhe ao encontro e o abraçou; arrojou-se-lhe ao pescoço e o beijou; e choraram. (Gênesis 33.4)


José beijou a todos os seus irmãos e chorou sobre eles; depois, seus irmãos falaram com ele. (Gênesis 45.15)


Então, José se lançou sobre o rosto de seu pai, e chorou sobre ele, e o beijou. Gênesis 50.1


Disse também o Senhor a Arão: Vai ao deserto para te encontrares com Moisés. Ele foi e, encontrando-o no monte de Deus, o beijou. (Êxodo 4.27)


Então, saiu Moisés ao encontro do seu sogro, inclinou-se e o beijou; e, indagando pelo bem-estar um do outro, entraram na tenda. (Êxodo 18.7)


Então, de novo, choraram em voz alta; Orfa, com um beijo, se despediu de sua sogra, porém Rute se apegou a ela. (Rute 1.14)


Havendo, pois, todo o povo passado o Jordão e passado também o rei, este beijou a Barzilai e o abençoou; e ele voltou para sua casa. (2Samuel 19.39)


Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todas as igrejas de Cristo vos saúdam. (Romanos 16.16)


Seriam todos esses casos, casos de homossexuais?


O beijo sempre foi uma prova de afeto, de respeito, e de amor por um amigo ou amiga, independentemente do sexo da pessoa que recebe o beijo.


É necessário ter uma proporção muito grande à imoralidade para enxergar no texto bíblico algo além do que está nele posto. É, aliás, isso que provavelmente há no coração de tais pessoas, uma mistura de homofobia e preconceito.


Homofobia por parte daqueles que olham para a Bíblia com raiva por ela apresentar essas cenas de afeição entre amigos, nas quais esses homofóbicos são incapazes de perceber outra coisa que não algo de conotação sexual. Veja que a homofobia está ligada também à perversão de mente.


E preconceito por parte das pessoas que, ao olharem para o texto, imediatamente veem sexualidade e julgam o carinho entre amigos como se fosse uma prova de sua homossexualidade. Sim, homossexuais que assim olham para os textos bíblicos são preconceituosos. Agem com um preconceito sobre aqueles que a Bíblia apresenta.


O melhor caminho para não cairmos neste erro da ignorância é não nos contentarmos com uma leitura rasa das Escrituras, mas procurarmos nos aprofundar cada vez mais. Conhecer melhor a mais profundamente as Escrituras é algo bom! O Senhor diz pelo profeta Oseias que seu povo se perde justamente por lhe faltar conhecimentos de Suas Palavras (Os 4.6).

W. P. Jr