Os adventistas acreditam que o personagem identificado na profecia de Daniel como aquele que iria “mudar os tempos e a lei” [Daniel 7.25], é o mesmo personagem do qual o apóstolo Paulo chama de “Homem do pecado” [II Tess. 2.3].
Este líder religioso que eles identificaram com o papa teria o vaticínio de cumprir a mudança da lei de Deus, em especial o quarto mandamento da lei – o sábado.
Sendo assim, os adventistas aplicam a si mesmos uma série de passagens do AT tiradas principalmente do livro do profeta Isaías, tais como: 8.16; 56.1-8; 58.1-14, e do NT – Apocalipse 14. Segundo eles, estas passagens indicam uma suposta profecia que se cumpriria nos últimos dias. É claro, o cumprimento desta profecia se cumpriria neles mesmos, ou melhor, na Igreja Remanescente que diz estar profetizada em Apocalipse 14.12 como os que guardam os mandamentos de Deus. Ela seria a igreja que taparia a brecha que o papado fez na lei de Deus Isaías 58.12-14.
Vejamos o que disse Ellen G. White no livro “O Grande Conflito” no capítulo 26 página 451 sob o título “Restauração da Verdade”.
“A obra da reforma do sábado a realizar-se nos últimos tempos acha-se predita na profecia de Isaías…56:1, 2, 6 e 7.”
E mais: “Os discípulos de Jesus são chamados para que o estabeleçam, exaltando o sábado do quarto mandamento à sua devida posição…” (pág. 452)
Como vimos eles acreditam piamente que são os restauradores do antigo dia judaico de descanso.
Mas quão verídica são essas afirmações? Resistem elas ao escrutínio de uma pesquisa bem apurada? Agüentariam elas a um exame histórico?
Veremos no desenrolar deste estudo em quem se encaixa melhor estas prerrogativas.
ANALISANDO A PROFECIA DE ISAÍAS
Isaías 56.1-7 – “Bem-aventurado o homem que fizer isto, e o filho do homem que lançar mão disto: que se abstém de profanar o sábado, e guarda a sua mão de cometer o mal… Pois assim diz o Senhor a respeito dos eunucos que guardam os meus sábados, e escolhem as coisas que me agradam, e abraçam o meu pacto… E aos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu pacto”
Em cima desta profecia os adventistas extraem os seguintes argumentos:
“Estas palavras se aplicam à era cristã, como se vê pelo contexto: “Assim diz o Senhor Jeová, que ajunta os dispersos de Israel: Ainda ajuntarei outros aos que já se lhe ajuntaram.” Isaías 56:8. Aqui está prefigurado o ajuntamento dos gentios pelo evangelho. E sôbre os que então honram o sábado, é pronunciada uma bênção. Destarte, o dever relativo ao quarto mandamento estende-se através da crucifixão, ressurreição e ascensão de Cristo, até ao tempo em que os Seus servos deveriam pregar a tôdas as nações a mensagem das alegres novas.” (ibdem)
O fato é que esta não é uma profecia para a igreja de Cristo como querem os adventistas.
Ali fala de gentios que se juntariam ao povo de Israel, não como cristãos, mas como prosélitos judeus. Tanto é assim que o texto condiciona estas bênçãos somente aqueles que “abraçam o meu pacto”. Para provar que este pacto não se refere ao Novo Pacto inaugurado por Cristo, mas antes, ao Velho Pacto israelita, o profeta cita “meu santo monte”, sem dúvida o monte Sião onde ficava o templo (casa de oração) que era o coração da religião judaica. Menciona também “holocaustos”, “sacrifícios” e “altar”. Não há dúvidas que estes “estrangeiros” do qual fala o texto são aqueles que aceitavam o pacto israelita e se juntavam ao povo de Israel debaixo do Antigo Concerto. Eles não só guardariam o sábado, mas todas os 613 preceitos da Aliança do Sinai. Eis as provas:
“Uma mesma lei e uma mesma ordenança haverá para vós e para o estrangeiro que peregrinar convosco.” ( Nm15.16).
Portanto, este trecho não dá a mínima base para as alegações adventistas. Neste mesmo diapasão são todos os textos do VT invocados por eles. Nada fala sobre uma pretensa profecia para a igreja cristã e menos ainda que isto se cumpriria na igreja adventista.
Mas então, por que os adventistas, mesmo não tendo base exegética ainda sustentam de unhas e dentes essas cavilações? Simples, somente pelo fato de elas terem sido “reveladas” a sua profetiza em uma suposta visão:
“Foi-me mostrado que as preciosas promessas de Isaías 58:12.14 se aplicam aos que trabalham pela restauração do verdadeiro sábado” (Vida e Ensinos pág. 85)
Veja que toda essa exegese defeituosa parte de pressuposto suspeitadíssimos. A teologia adventista nasceu não de uma exegese sadia dos textos, mas de alegadas visões espirituais.
Observe outro trecho do mesmo livro citado: “Em algumas ocasiões o Espírito de Deus descia sobre mim, e porções difíceis eram esclarecidas pelo modo indicado por Deus, e havia então perfeita harmonia. Éramos todos de um mesmo pensamento e espírito.” (ibdem pág. 192)
Agora podemos entender por que os adventistas, mesmo não tendo apoio bíblico algum, nem respaldo de eruditos sérios na área da teologia, ainda insistem nestas interpretações distorcidas. Eles precisam forçar ao máximo as escrituras para se ajustar às interpretações visionárias de sua profetisa.
ONDE SE CUMPRIU ESTA PROFECIA?
Sabemos que na época de Isaías o povo havia abandonado a lei de Deus. O povo outrora escolhido estava agora agindo pior do que os pagãos. Eles haviam se voltado para os ídolos e deixado de praticar todos os sábados, seja quais fossem, semanais ou anuais. Com o passar dos anos todas essas transgressões haviam chegado ao limite e Deus então permite os inimigos de Israel levarem-no cativo como havia predito por Moisés dizendo:
“Espalhar-vos-ei por entre as nações e, desembainhando a espada, vos perseguirei; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades se tornarão em deserto.Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; nesse tempo a terra descansará, e folgará nos seus sábados. Por todos os dias da assolação descansará, pelos dias que não descansou nos vossos sábados, quando nela habitáveis.” (Levítico 26.34-43)
“E aos que escaparam da espada, a esses levou para Babilônia; e se tornaram servos dele e de seus filhos, até o tempo do reino da Pérsia, para se cumprir a palavra do Senhor proferida pela boca de Jeremias, até haver a terra gozado dos seus sábados; pois por todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram.” (II Cr.36.14-21)
Passaram cativos 70 anos (Daniel 9.2) em Babilônia, pois haviam transgredido o mandamento dos sábados (Daniel 9.10). Enquanto isto a terra teve seu repouso sabático. Mesmo assim durante o cativeiro o povo continuou quebrantando o sábado (Ezequiel 22.26). Quando Deus permitiu que seu povo retornasse ao seu território através de Esdras e Neemias esta profecia da restauração dos sábados se cumpriu de modo cabal (Neemias 13). Da época de Neemias, passando pelos Macabeus e culminando nos fariseus da época de Cristo a lei do sábado foi cada vez mais acentuada à ponto de muitos judeus torná-lo insuportável. Portanto, se houve um cumprimento desta profecia, seu cumprimento foi aqui e não no século XIX como querem os adventistas.
COMO A DOUTRINA DO SÁBADO ENTROU NO MEIO ADVENTISTA
Muitos ficariam surpresos ao descobrirem que os adventistas do sétimo dia nem sempre guardaram o sábado. Isto por que 99% dos mileristas, que segundo alguns, chegou a cifra de 1 milhão, eram fiéis guardadores do domingo.
A respeito de Miller certo escritor adventista afirma: “Miller jamais se tornou um adventista do sétimo dia. Rejeitou doutrinas básicas dos adventistas do sétimo dia – como o sábado…Finalmente morreu como membro da igreja batista, e irredutível observador do domingo.” (Subtilezas do Erro, pág. 40)
Como vimos, Miller, o líder deste movimento nos EUA era observador do domingo, assim como Tiago White e Ellen G. Harmon, mais tarde Ellen White.
Muitos adventistas acreditam que a doutrina do sábado foi divinamente inculcada através da chamada “luz progressiva”, “verdade presente” e termos afins. É exatamente isso que tenta passar Ellen White ao dizer: “O Espírito de Deus tocou o coração dos que estudavam a sua palavra. Impressionava-os a convicção de que haviam ignorantemente transgredido este preceito…” (O Grande Conflito pág. 433)
Mas a verdade é bem diferente. O caso é que o sábado foi introduzido no movimento adventista por influencia de pessoas que já guardavam-no.
Falando daqueles primeiros tempos de formação do movimento, historia certo escritor:
“Este grupinho de fiéis testemunhas, desapontadas, mas não desiludidas; foram aos poucos recebendo novas luzes. E assim, aceitaram o sábado como em vigor na dispensação cristã. Este mandamento da imutável lei de Deus foi introduzido no movimento pela senhora Raquel Preston, egressa da igreja Batista do Sétimo Dia, aceito e pregado veementemente por José Bates, e mais tarde ratificado através de visões celestiais, por Ellen G. White. Porém foi T.M Preble, o primeiro a comunicar esta grande verdade por meio da imprensa aos mileritas do advento” (Assim Diz o Senhor, Lourenço Gonzalez – ed. ADOS pág. 415)
Em agosto de 1844, Thomas Preble, antes ministro batista, por si mesmo ou por influência de Rachel Oakes ou Frederick Wheeler, também aceitou a observância do sábado do sétimo dia. A Sra. Raquel Preston, batista do sétimo dia chegou a visitar a igreja de New Hampshire em Washingtom, conseguindo persuadir seus membros á observância do sábado. Tempos depois em meados de 1845, o sr. Joseph Bates visitou aquele grupo e foi influenciado por eles e pela leitura do artigo de T.M. Preble sobre a questão do sábado. (LeRoy Edwin Froom – The Prophetic Faith of our Fathers, vol. IV, páginas 920 a 936 e 941)
Bates começou a guardar o sábado em março de 1845, sendo assim o primeiro dos preeminentes guias pioneiros do povo adventista do sétimo dia a aceitar o sábado.( Fundadores da Mensagem, pág. 98)
Bates, posteriormente, publicou um folheto intitulado “The Seventh-day Sabbath”, que foi lido por Tiago e Ellen White. Assim, o trio de firmes lideres da denominação adventista uniu-se quanto ao sábado. Mais tarde a sra. White viria confirmar com suas visões a doutrina sabatista.
Como pormenorizado acima, apesar de a idéia do sábado ter sido introduzida por outros sabatistas, quem maior labutou para sua propaganda no meio adventista foi o ex-marinheiro José Bates.
É interessante acompanhar este pormenor, pois revela algo curioso.
A POLÍTICA DO TOMA LÁ DA CÁ
Quando Bates veio fazer parte do movimento adventista ele não cria nas visões e profecias de Ellen White. Observe as queixas de Ellen White a este respeito:
“A primeira vez que me ouviu falar manifestou profundo interesse, Depois que eu acabara de falar, levantou-se e disse: ‘Eu duvido como Tomé. Não creio em visões…”(Vida e Ensinos pág. 84)
“Ele não cria então inteiramente que minhas visões provinham de Deus.” (ibdem, pág. 87)
Por sua vez a senhorita Harmon não aceitava a doutrina do sábado, dizia ela:
“O pastor Bates guardava o sábado, sétimo Dia da semana, e para esse dia nos chamava a atenção como sendo o verdadeiro sábado. Eu não compreendia sua importância e achava que ele errava em ocupar-se com o quarto mandamento mais do que com os outros nove” (ibdem)
É preciso ressaltar que ela veio atestar com suas “revelações” a doutrina do sábado, somente depois que ele (Bates) aprovou suas visões como sendo de procedência divina. Logo após esta concessão feita por Bates ela teve uma visão da arca, do propiciatório e do 4º mandamento. Assim ela recebia a luz concernente ao sábado…
VISÕES: A FERRAMENTA DA MANIPULAÇÃO
“O Senhor porém, me deu uma visão do santuário celestial…Jesus levantou a cobertura da arca e contemplei as tábuas de pedra…Fiquei aterrada quando vi o quarto mandamento mesmo no centro dos dez preceitos, com uma suave auréola de luz rodeando-o.” (Ibdem pág.92)
Depois deste acordo subjetivo ela começou a pregar a doutrina sabatista.
“Nos primeiros anos de seu trabalho, numa ocasião em que ela, seu esposo e o pastor Bates eram quase os únicos que pregavam a verdade do sábado…” (Vida e Ensinos pág. 249)
Isso não é no mínimo suspeito? Esse esquema de concessões explica como o sábado entrou para o bojo das doutrinas adventistas. Este pequeno episódio também serve como uma amostra de como Ellen White usava e abusava de sua autoridade como profetisa no meio do movimento. A credibilidade dos leigos em suas supostas revelações, visões e profecias deram a ela a ferramenta ideal para controlar e rebater aqueles que lhe contestavam. Todas as vezes que alguém se opunha às suas opiniões religiosas, imediatamente ela “caia” em visões. O interessante disso tudo é que tais visões sempre confirmavam seu ponto de vista na questão, até mesmo seu marido não escapou desta artimanha.
Certa vez Tiago White intentou deixar o trabalho de publicação o informativo “Revista do Advento e Arauto do Sábado”, devido a vários problemas, mas Ellen White não era da mesma opinião, então logo após ter recebido a notícia ela conta a reação que tivera:
“Quando ele saiu da sala para levar a nota a redação, desmaiei”.
No dia seguinte ela impôs seu ponto de vista com uma de suas visões, “Na manhã seguinte, durante o culto doméstico, caí em visão e fui instruída a respeito do assunto. Vi que meu marido não devia abandonar o jornal…” (Vida e Ensinos, pág. 140)
Outro caso foi quanto ao sábado. Um jovem adventista do primeiro dia ainda resistia a idéia de guardar o sétimo dia, mas então…: “Um deles não estava de acordo conosco quanto à verdade do sábado…Ellen se levantou em visão, tomou a Bíblia grande, elevou-a perante o Senhor, e falou fazendo uso dela levando-a até aquele humilde irmão…” (Vida e Ensinos, pág. 119)
As visões de Ellen White era o arbitro em matéria de fé e doutrina. Veja o que diz certo livro adventista:
“Segundo Ford, ‘Ellen White mudou várias posições doutrinárias’ tais como o horário de início do sábado, o uso da carne de porco, benevolência sistema versus dízimo, o significado da porta fechada, a lei em Gálatas, etc. A concepção de Ellen White acerca de certos pontos das Escrituras de fato mudou, como resultado do estudo da Bíblia e da luz progressiva que ela recebia do Senhor. Vários dos exemplos de Ford são válidos, mas outras não o são. Os próprios escritores bíblicos por vezes encontravam-se em erro quanto a sua teologia, e tinham de ser corrigidos. O mesmo ocorreu com Ellen White. Por vezes ela não compreendia certos ensinos bíblicos até que eles lhe eram apresentados em visão.”(o grifo é nosso)(101 Questões Sobre o Santuário e sobre E. G. White, p. 68,69) (o grifo é nosso) “Ellen White teve participação no desenvolvimento da doutrina, mas não foi ela quem ‘lançou as bases da fé adventista’…Com suas visões, Ellen apenas confirmou o que já se havia estudado.” (Revista Adventista Abril 2001 pág. 10)
Por fim Ela chegou às raias do absurdo em dizer: “Santificar o Sábado ao Senhor importa em salvação eterna.” (Testemunhos Seletos, vol. III, p. 23)
Contudo, muitos foram humildes em reconhecer seu erro como fez o próprio líder do movimento, Guilherme Miller e abandonou estes absurdos.Quanto a isso lamenta Ellen White:
“A Maioria dos adventistas rejeitaram as verdades atinentes ao santuário e à lei de Deus…” ( O Grande Conflito pág. 456)
BATES: UMA PEÇA IMPORTANTE NO QUEBRA CABEÇAS
Dirk Anderson, ex-adventista que se tornou um incansável pesquisador sobre adventismo e do fenômeno Ellen White, revela o seguinte:
“O pioneiro adventista Joseph Bates já se revelava grande entusiasta e promotor da causa do sábado em princípios da década de 1840 e escreveu um livro expondo idéias sobre “a marca da besta” como sendo o domingo antes de sequer ter conhecido o casal White. Posteriormente, em seu outro livro, Second Advent Waymarks and High Heaps, publicado em 1847, declara que uma linha de separação fora traçada entre os adventistas da experiência de 1844 e as “igrejas nominais” da “Grande Babilônia”. O sábado seria o “teste de sua sinceridade e honestidade quanto à Palavra de Deus integral” (Op. Cit., pág. 114).
Bates entendia que todos os seres humanos estavam no período de “sete anos” antecedentes ao advento, que, imaginava, ocorreria em 1851 (calculados à base das sete aspersões de sangue sobre o santuário-cf. Lev. 16:14). Os que aceitassem o testemunho da observância do sábado até o fim desse “período de prova” receberiam o “Selo de Deus”, e os que o rejeitassem receberiam a “Marca da Besta”, identificando-se com as igrejas “babilônicas”.
Em Primeiros Escritos, págs. 42, 43 (capítulo “A Porta Aberta e a Fechada” com data de 24-03-1849), a Sra. White fala repetidamente da “prova presente do sábado”, “prova quanto ao sábado que temos agora”, “este tempo de selamento”, e até de “clamor da meia-noite terminado no sétimo mês, 1844″. Tal tese da “prova do sábado/selamento agora” parece clara indicação de que as idéias de Bates quanto a ser o sábado um teste entre 1844-1851 foram adotadas pelo casal White, que tinha especial amizade por Bates.
Assim, os conceitos de “lei dominical” e “sábado X domingo” como confronto final na história humana antecedem a redação de O Conflito dos Séculos, tendo por base as idéias propagadas por Joseph Bates mesmo antes de a Sra. White e esposo terem-se definido pessoalmente pela guarda do sábado.
Urias Smith, grande entusiasta da decodificação dos símbolos proféticos da Bíblia, ajustou mais tarde a interpretação de Apocalipse e Daniel às noções sabatarianas de Bates, aproveitando velhas interpretações anticatólicas que prevaleciam entre protestantes conservadores quanto a Babilônia, a besta, o número 666, etc. Essas questões todas encontraram espaço em O Conflito dos Séculos, não sendo tais conceitos, pois, fruto de supostas visões.” (Até aqui Dirk Anderson)
BATISTAS OU ADVENTISTAS?
Os adventistas se ufanam em dizer que neles se cumpre a profecia da restauração do sábado. Este, segundo Ellen White, seria o mandamento mais transgredido pelos homens. Alguns adventistas chegam ao absurdo em dizer que sua transgressão é diferente, sendo até mesmo pior do que pecar contra os demais mandamentos das Escrituras, tal é o valor que tributam ao 4º mandamento. Mas como já vimos toda esta pretensão fantasiosa cai por terra quando sabemos que muitas igrejas já guardavam o sábado muito antes dos adventistas do Sétimo Dia entrar em cena.
Vimos que foi uma ex-batista do sétimo dia que trouxe este costume para dentro do movimento e que mais tarde foi solidamente difundido por Joseph Bates e ratificado pelas visões de Ellen White. Na verdade, os Batistas já pregavam há muito tempo a doutrina do sábado. Se os adventistas alegam que receberam a doutrina do sábado através duma “luz adicional” ou “luz progressiva”, não poderiam os batistas do sétimo dia ter tido tal revelação? Vamos ver o que eles entendem por luz progressiva. Christianini criticando as Testemunhas de Jeová sobre utilizar tal recurso para desculpar seus erros teológicos, arrazoa dizendo:
“As testemunhas de Jeová, baseadas em Prov. 4:18, especialmente na expressão de que a luz vai “brilhando mais e mais até ser dia perfeito”, afirmam que recebem revelação progressiva.
Entendemos por revelação progressiva a descoberta de uma verdade até então ainda não entendida. ( Arnaldo B. Christianini em Radiografia do Jeovismo)
Ora, nisto os adventistas se contradizem, pois alegam que receberam tal doutrina através duma luz adicional, e como constatamos acima tal luz adicional significa “a descoberta de uma verdade até então ainda não entendida”.
Porventura, os batistas há muito já não haviam descoberto esta tal verdade do sábado? Diante disso se torna inconsistente as alegações adventistas.
Para confirmar esta verdade vamos lançar mão de um depoimento encontrado no site da Convenção da Igreja Batista do Sétimo Dia:
“Grande número de igrejas denominadas Batistas do Sétimo Dia apareceram no século dezesseis. Havia então trinta e duas igrejas com essa denominação nas Ilhas Britânicas. A igreja de Mill Yard, em Londres, fundada em 1617, ainda está viva. Na Europa também existem igrejas da mesma fé, na Holanda, Alemanha, Polônia, grupos na Finlândia, Tchecoslováquia, Hungria e outros países.Da Inglaterra o movimento propagou-se para a América, sendo organizada a primeira Igreja Batista do Sétimo Dia em Newport, Rhode Island, em 1671/1672. A fundação de igrejas dessa denominação na América seguiu a onda de emigração e se estendeu a todos os continentes e ilhas do mar. Atualmente os Batistas do Sétimo Dia possuem igrejas em muitos países, de todos os continentes; e, por meio deles, outros grupos de cristãos têm aceito o Sábado.”
O mesmo autor adventista acima citado também confirma este fato:
“No século XVII, fundou-se em Newport, (Rhode Island, EE. UU.). precisamente em 1671, a Igreja Batista do Sétimo Dia. No século XVIII fundou-se a Comunidade Efrata, por John Conrad Beissel, em Lancaster. precisamente em 1 732.Convenceu-se depois do dever de observar o sétimo dia como dia de repouso e publicou Das Büchlein vom Sabbath (Philadelphia, 1728). E no século XIX, em 1844 surgiu nos Estados Unidos o movimento que, anos depois, teria a denominação de Adventistas do Sétimo Dia, de âmbito mundial” (Subtilezas do Erro, pág. 167)
Se a profecia de Isaias sobre a tal restauração realmente alcançou a era cristã, cabe aqui uma pergunta: quem restaurou o sábado afinal? Os adventistas em 1846 ou os Batistas em 1617?
Será que a profecia de Apocalipse 14.12 é exclusiva dos adventistas? Não se cumpriria também em outras denominações que já guardavam o sábado bem antes dos adventistas aparecerem?
Dos Batistas do Sétimo Dia é que surge Samuel Mumford, que emigrou para a América Colonial em 1664, tornando-se o primeiro guardador do sábado do sétimo dia no Novo Mundo.(LeRoy Edwin Froom – The Prophetic Faith of our Fathers, vol. IV, páginas 906 e 907)
Os adventistas passam a imagem de que são os únicos no mundo que preenchem de modo cabal tal versículo. Perguntamos mais uma vez: os batistas do sétimo dia têem fé em Jesus e guardam os mandamentos de Deus ou isso é exclusivo dos adventistas? Deixemos que eles mesmos respondam:
“Pela misericórdia de Deus e graça de nosso Senhor Jesus Cristo, humilde e sinceramente cremos que sempre houve e haverá um remanescente de cristãos fiéis à Sua Palavra, aos quais se aplicam as palavras proféticas do Apocalipse: “Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus”(Apoc. 14:12).” (extraído do site oficial dos Batistas do Sétimo Dia)
Os adventistas sabem muito bem disso, pois chegaram até confessar o débito que têm para com esta última denominação:
“Já indicamos o débito especial que os adventistas têm para com os batistas do sétimo dia.” (História do Adventismo, pag. 109)
CONCLUSÃO
É preciso um esforço exegético descomunal para acreditar nas alegações adventistas referentes a serem os verdadeiros restauradores do sábado. Diante das provas irrefutáveis expostas acima, não estaria na hora dos líderes adventistas mudarem sua história? Pelo menos se harmonizaria melhor com os fatos! Se a profecia de Isaías capítulos 56 e 58 refere-se a uma restauração esta nunca poderia ter se cumprido entre os adventistas pelos motivos já vistos. Se alega-se que a profecia tem duplo cumprimento este só pode ter sido preenchido pelos batistas do sétimo dia. Mas isto é pouco provável diante de textos como o de Oséias 2.11 que prediz de modo inequívoco a abrogação de todos os sábados (conf. com Col. 2.16) na era cristã. Não estamos debaixo do sábado mais como mandamento, a não ser que este seja um tipo de modo espiritual em Cristo (Mat. 11.28).
Pelo Prof° Paulo Cristiano da Silva
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