segunda-feira, 12 de julho de 2021

O imperador romano Constantino foi o responsável pela introdução da doutrina pagā da Trindade no cristianismo, no Concilio de Niceia, em 325 d.c.?

Negar que o imperador Constantino possuía intenções mais religiosas que políticas quando tratou da questão de sua suposta conversão ao cristianismo seria provavelmente rejeitar as evidências históricas que apontam o contrário. O imperador romano certamente viu no cristianismo uma força que consolidaria o poder do seu império no mundo, mas não podemos pensar que todas as discussões de cunho religioso, nesse período turbulento da história cristã, foram decididas pelo imperador. A doutrina da Trindade já havia sido definida há mais de cem anos antes, com Teófilo de Antioquia e Tertuliano, e não poderia ser, portanto, uma "criação do imperador romano que não conhecia as doutrinas do cristianismo ortodoxo. Como poderia ser o imperador Constantino o introdutor de uma doutrina que já tinha sido, historicamente, nomeada e estabelecida muitos anos antes nas comunidades cristas?

Devido à controvérsia Ariana (a crença de que Jesus não era eterno e, consequentemente, não poderia ser Deus), foi finalmente convocado o primeiro Concílio Geral (ecumênico) da Igreja, em 325 d.C., na cidade de Niceia. É verdade que o imperador romano teria aberto o Concílio, mas isto não quer dizer que tenha influenciado as decisões em Niceia, pois não existe nenhuma prova histórica para as decisões doutrinárias terem sido tomadas pelo imperador romano, pois ele não possuía habilidade teológica para isso. Ele estava mais interessado em estabelecer a unidade do cristianismo sob o seu Império do que estabelecer alguma doutrina supostamente crida por ele próprio. Uma das provas maiores de que Constantino não era um defensor da doutrina da Trindade é o fato de ele ter sido o responsável direto pelo exílio de Atanásio, que esteve em Niceia e se tornara o grande defensor do trinitarismo bíblico pós-Niceia, em razão da doutrina professada por ele naquele concilio (OLSON, 1999, p. 167). Outro fator que é contrário à ideia de que o imperador Constantino fosse um trinitariano convicto e que também tenha sido o introdutor da doutrina cristã da Trindade é que, em seu leito de morte, o próprio Constantino foi batizado por Eusébio de Nicomédia, o bispo "porta-voz" de Ário na controvérsia de Niceia em 325 d.C., e totalmente contrário à doutrina da Trindade (CONZÁLES, vol. 2, 1995, p. 99).

Nenhum comentário:

Postar um comentário