“Sempre aprendi que Deus ama o pecador. Mas de uns tempos para cá tenho visto na Internet muita gente falando que Deus odeia o pecador. Não consigo entender isso muito bem. Deus ama ou odeia o pecador segundo a Bíblia?” Caro leitor, essa é uma excelente pergunta e uma boa oportunidade para esclarecer esse fato segundo o que diz a palavra de Deus. Muitas pessoas confundem demais essa questão e acabam por ter uma visão distorcida a respeito do amor de Deus e se Deus odeia o pecador. Então, vamos tentar compreender melhor tudo isso: Deus odeia o pecador?
Antes de responder a essa questão precisamos definir quem é o pecador segundo a Bíblia. Essa resposta é simples. Pecador é todo aquele que pecou. E a Bíblia diz que todos são pecadores porque todos pecaram:
“pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23). Assim, todo ser humano é um pecador. Esclarecida essa questão, vamos a próxima: Deus odeia o pecador? A resposta é sim. A Bíblia afirma em diversos textos que Deus não somente odeia o pecado (coisa que já sabemos claramente), mas também aquele que pratica o pecado, ou seja, o pecador. Vejamos:
“O SENHOR põe à prova ao justo e ao ímpio; mas, ao que ama a violência, a sua alma o abomina.” (Salmos 11:5). A palavra “abomina” citada no texto também pode ser traduzida como “odeia”. Em Provérbios 3:32 vemos também claramente essa questão do ódio de Deus pelos perversos:
“porque o SENHOR abomina o perverso, mas aos retos trata com intimidade.” Outro exemplo bem interessante está em Provérbios 6.16-19, onde diz que a alma de Deus abomina
“o que semeia contenda entre irmãos”.
Creio que está claro até aqui que Deus odeia não só o pecado (atos), mas também aquele que o pratica (pessoa), pois este está se rebelando contra Deus por praticar atos que ofendem ao Senhor. Mas ainda fica uma importante pergunta a ser respondida:
Deus ama o pecador? A Bíblia diz que sim. Jesus ensina que Deus derrama de Sua graça sobre justos e injustos:
“…porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.” (Mateus 5:45). Injustos são aqueles que estão rebelados contra Deus. De onde vem esse cuidado de Deus até pelos injustos? Não podemos negar que essa graça derramada vem de algum amor que Deus nutre por eles. Se Deus apenas odiasse os pecadores (injustos), como poderia derramar sobre eles essas bênçãos citadas por Jesus? Além disso, o contexto nos mostra que Jesus estava ensinando Seus discípulos a amar os seus inimigos, e Jesus termina o ensino mostrando que esse padrão de amor pelos inimigos, que eles deveriam praticar, é o padrão que é visto no próprio Pai:
“Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mateus 5:48). Outro texto que demostra que Deus tem amor pelos pecadores está em Romanos 5:8:
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”. O ódio (ira) de Deus estava sobre nós, pois éramos pecadores. Mas mesmo na condição de pecadores fomos amados por Deus, que deu Seu filho para nos salvar e nos tirar daquela condição. Os que hoje são justificados por Cristo já foram outrora pecadores. Aqui surge uma nova questão que deve dar um nó na cabeça de muita gente: Como é possível Deus odiar o pecador e amá-lo ao mesmo tempo? Nem sempre os atos de Deus são tão fáceis de compreender. Que tipo de amor é esse em que Deus odeia o pecador e ao mesmo tempo o ama de alguma forma? Nem sempre a grandeza de Deus, de Seus atributos, de Sua forma de lidar com as situações, conseguem ser compreensíveis tão facilmente pela nossa mente limitada. A forma mais clara pela qual eu (pessoalmente) consegui compreender melhor essa questão de amar e odiar ao mesmo tempo foi comparando a atitude de um pai humano por seus filhos. Não há dúvida de que um pai ame seus filhos. Mas existem ocasiões em que o pai pode odiar um filho mesmo amando-o. Quando o filho é obstinado em desobedecer, quando o filho vira as costas para as instruções do pai, isso gera no pai grande descontentamento que pode chegar ao ódio. Mas isso não extingue o amor do pai, que está presente em suas atitudes pelo filho, ainda que tenha de corrigi-lo severamente. É claro que Deus é muito maior do que um pai humano e um ímpio não está na condição de filho de Deus, mas talvez com essa comparação possamos entender melhor que existe a possibilidade de amar e odiar ao mesmo tempo. Mas ainda surge outra questão ainda mais complexa que parece tirar o sono de muita gente: Se Deus realmente ama os pecadores, como pode enviá-los ao inferno? A Bíblia é clara quando diz que o inferno existe. Quem vai para lá? Os pecadores não regenerados. Mas como Deus pode amar e permitir existir o inferno e ainda enviar pessoas para lá? Muitas pessoas confundem amar com ser permissivo com todas as coisas e aceitar a injustiça. A justiça de Deus em punir aqueles que são inveterados pecadores e rejeitaram a Sua obra não invalida o Seu amor. Amar alguém não significa fechar os olhos para todo o mal realizado e passar a mão na cabeça da pessoa. A justiça de Deus é totalmente compatível com Seu amor. Aliás, quem ama não se alegra com a injustiça, ou seja, faz justiça (1 Coríntios 13:6). Não podemos dizer que quando Deus aplica a Sua justiça retira de si o amor, pois Deus é amor (1 João 4.8). Podemos dizer que não entendemos com nossa mente “pequena” como Deus faz tudo isso, mas não podemos negar o que a Bíblia diz sobre o amor, o ódio e a justiça de Deus.
P250
Por
Carlos Ribeiro da tbs...
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