(1) Em primeiro lugar é importante ressaltar que Saul foi rejeitado por Deus por causa de sua desobediência (1 Sm 15.27-28). As atitudes de Saul e sua trajetória como rei de Israel demonstraram que ele não era um homem de Deus. Daí o texto mencionar que o Espírito do Senhor já não estava sobre Ele e de Deus ter se arrependido de tê-lo constituído rei (1 Sm 15:35). Sem a direção de Deus Saul estava com o coração aberto para o mal. O homem sem Deus pende totalmente para o mal e é controlado por ele.
(2) É importante observar que os judeus creditavam a Deus coisas boas ou más que aconteciam, pois criam na soberania Dele sobre tudo e todos, o que, de fato, a Bíblia ensina: “Tocar-se-á a trombeta na cidade, sem que o povo se estremeça? Sucederá algum mal à cidade, sem que o SENHOR o tenha feito?” (Am 3:6). É exatamente isso que os servos de Saul deduzem da observação da mudança repentina do comportamento de Saul: “Então, os servos de Saul lhe disseram: Eis que, agora, um espírito maligno, enviado de Deus, te atormenta.” (1Sm 16:15).
(3) As Escrituras são claras quando afirmam a soberania plena de Deus. Isso significa que até o maligno está debaixo da autoridade do Senhor. Lembremos do livro de Jó, que nos mostra o diabo pedindo autorização de Deus para tentar a Jó, homem integro, reto e que se desviava do mal (Jó 1:12). Não existe qualquer evidência na Bíblia de que o maligno aja soberanamente em alguma coisa. Inclusive, o próprio destino do maligno já está traçado por Deus e acontecerá no tempo determinado por Ele (Ap 20:10). O espírito maligno que atormentava Saul apenas cumpria o plano de Deus na vida dele. Mas como dissemos, Saul, por estar longe do Senhor, tinha a porta de seu coração aberta à ação do mal.
(4) O plano maior de Deus no castigo que deu a Saul foi introduzir o jovem Davi dentro do Palácio real, pois Davi seria o novo rei de Israel em breve. Note como todas as circunstâncias cooperam para que Davi entrasse no palácio e logo caísse no gosto de toda a família de Saul (1 Sm 16:18). Assim, concluímos que tudo aquilo que Saul passou teve autorização de Deus e fazia parte do plano de Deus, tanto o que ocorreu com Saul por causa de sua desobediência, quanto o que ocorreu com Davi, que tinha sido escolhido por Deus para governar Israel.
(5) Mas alguém ainda pode dizer: Essa forma com que Deus agiu parece injusta e não amorosa! Deus não é amor? Somos muitas vezes tentados a compreender Deus, Seus atributos e Suas atitudes baseando-nos em nosso limitado conhecimento, compreensão e julgamento. A Bíblia diz que Deus é justo e santo, santo, santo (Sl 11:7). Assim, nisto que fez com Saul não foi injusto e nem manchou Sua santidade, ainda que alguns questionem e não consigam compreender como Deus pode mandar um espírito maligno para atormentar Saul.
(6) Cabe aqui para finalizarmos, refletirmos no texto de Romanos 9:20, que nos ajuda a nos colocar em nosso lugar diante daquilo que não compreendemos bem a respeito de Deus e de Suas atitudes: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?” E ainda sobre as atitudes de Deus, a Bíblia declara: “Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão” (Rm 9:15).
Por Carlos Ribeiro
TBS...
P250
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