quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Como Deus pode mandar um espirito maligno para atormentar o rei Saul?

Como  Deus  pode  mandar  um  espirito  maligno  para atormentar  o  rei  Saul? Muitas  pessoas  ficam  confusas  quando  leem  o  texto  de  1  Samuel  16:14, que  diz:  “Tendo-se  retirado  de  Saul  o  Espírito  do  SENHOR,  da parte  deste  um  espírito  maligno  o  atormentava”.  Como  Deus,  que é  amor,  poderia  permitir  que  um  espírito  maligno  atormentasse  alguém? E  o  pior:  como  o  próprio  Deus  pode  mandar  um  espírito  desse  para atormentar  uma  pessoa?  Destas  perguntas  surge  a  necessidade  de compreendermos  melhor  esse  texto  e,  assim,  compreendermos  ainda mais  a  soberania  de  Deus  em  Suas  ações  e  planos  e  qual  deve  ser  a nossa  atitude  diante  dos atos de  Deus. 

(1)  Em  primeiro  lugar  é  importante  ressaltar  que  Saul  foi  rejeitado  por Deus  por  causa  de  sua  desobediência  (1  Sm  15.27-28).  As  atitudes  de Saul  e  sua  trajetória  como  rei  de  Israel  demonstraram  que  ele  não  era um  homem  de  Deus.  Daí  o  texto  mencionar  que  o  Espírito  do  Senhor  já não  estava  sobre  Ele  e  de  Deus  ter  se  arrependido  de  tê-lo  constituído  rei (1  Sm  15:35).  Sem  a  direção  de  Deus  Saul  estava  com  o  coração  aberto para  o  mal.  O  homem  sem  Deus  pende  totalmente  para  o  mal  e  é controlado  por  ele. 

(2)  É  importante  observar  que  os  judeus  creditavam  a  Deus  coisas  boas ou  más  que  aconteciam,  pois  criam  na  soberania  Dele  sobre  tudo  e todos,  o  que,  de  fato,  a  Bíblia  ensina:  “Tocar-se-á  a  trombeta  na cidade,  sem  que  o  povo  se  estremeça?  Sucederá  algum  mal  à cidade,  sem  que  o  SENHOR  o  tenha  feito?”  (Am  3:6).  É exatamente  isso  que  os  servos  de  Saul  deduzem  da  observação  da mudança  repentina  do  comportamento  de  Saul:  “Então,  os  servos  de Saul  lhe  disseram:  Eis  que,  agora,  um  espírito  maligno,  enviado de Deus,  te atormenta.”  (1Sm  16:15). 

(3)  As  Escrituras  são  claras  quando  afirmam  a  soberania  plena  de  Deus. Isso  significa  que  até  o  maligno  está  debaixo  da  autoridade  do  Senhor. Lembremos  do  livro  de  Jó,  que  nos  mostra  o  diabo  pedindo  autorização de  Deus  para  tentar  a  Jó,  homem  integro,  reto  e  que  se  desviava  do  mal (Jó  1:12).  Não  existe  qualquer  evidência  na  Bíblia  de  que  o  maligno  aja soberanamente  em  alguma  coisa.  Inclusive,  o  próprio  destino  do  maligno já  está  traçado  por  Deus  e  acontecerá  no  tempo  determinado  por  Ele  (Ap 20:10).  O  espírito  maligno  que  atormentava  Saul  apenas  cumpria  o  plano de  Deus  na  vida  dele.  Mas  como  dissemos,  Saul,  por  estar  longe  do Senhor,  tinha  a  porta  de  seu coração  aberta  à  ação  do  mal.

 (4)  O  plano  maior  de  Deus  no  castigo  que  deu  a  Saul  foi  introduzir  o jovem  Davi  dentro  do  Palácio  real,  pois  Davi  seria  o  novo  rei  de  Israel  em breve.  Note  como  todas  as  circunstâncias  cooperam  para  que  Davi entrasse  no  palácio  e  logo  caísse  no  gosto  de  toda  a  família  de  Saul  (1 Sm  16:18).  Assim,  concluímos  que  tudo  aquilo  que  Saul  passou  teve autorização  de  Deus  e  fazia  parte  do  plano  de  Deus,  tanto  o  que  ocorreu com  Saul  por  causa  de  sua  desobediência,  quanto  o  que  ocorreu  com Davi,  que  tinha  sido  escolhido  por  Deus  para  governar  Israel.

 (5)  Mas  alguém  ainda  pode  dizer:  Essa  forma  com  que  Deus  agiu  parece injusta  e  não  amorosa!  Deus não  é  amor?  Somos muitas vezes tentados  a compreender  Deus,  Seus  atributos  e  Suas  atitudes  baseando-nos  em nosso  limitado  conhecimento,  compreensão  e  julgamento.  A  Bíblia  diz que  Deus  é  justo  e  santo,  santo,  santo  (Sl  11:7).  Assim,  nisto  que  fez com  Saul  não  foi  injusto  e  nem  manchou  Sua  santidade,  ainda  que  alguns questionem  e  não  consigam  compreender  como  Deus  pode  mandar  um espírito  maligno  para  atormentar  Saul. 

(6)  Cabe  aqui  para  finalizarmos,  refletirmos  no  texto  de  Romanos  9:20, que  nos  ajuda  a  nos  colocar  em  nosso  lugar  diante  daquilo  que  não compreendemos  bem  a  respeito  de  Deus  e  de  Suas  atitudes:  “Quem  és tu,  ó  homem,  para  discutires  com  Deus?!  Porventura,  pode  o objeto  perguntar  a  quem  o  fez:  Por  que  me  fizeste  assim?”  E ainda  sobre  as  atitudes  de  Deus,  a  Bíblia  declara:  “Pois  ele  diz  a Moisés:  Terei  misericórdia  de  quem  me aprouver  ter  misericórdia e  compadecer-me-ei  de  quem  me  aprouver  ter  compaixão”  (Rm 9:15).

Por Carlos Ribeiro 

TBS... 

P250

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